Coronavírus faz confiança do empresário de SP cair quase 40%
O índice IFECAP, que mede a confiança do empresário do comércio no Estado de São Paulo, apresentou a maior queda da série histórica em maio. A pesquisa registrou diminuição de 39,4% nas expectativas. Em comparação com o mês de maio de 2019, a queda foi ainda maior, de 51%.
A redução brusca no “humor” dos empresários em proporções jamais vistas ocorre por conta da profunda queda nas vendas e da incerteza de crescimento, causados pela pandemia de coronavírus, que impossibilita a abertura de uma série de comércios para conter a propagação da doença.
A pesquisa é feita por telefone e, segundo o professor e coordenador do estudo, Erivaldo Costa Vieira, a equipe constatou durante as entrevistas sentimentos de pânico, angústia e desânimo.
“Vivemos um momento sem paralelo no histórico da pesquisa de confiança dos empresários do comércio paulista. Mas, apesar das difíceis circunstâncias do momento e da nuvem espessa de incertezas, o Índice Futuro não caiu bruscamente como o indicador de Momento Atual, o que indica uma leve esperança na recuperação gradativa nas atividades do comércio por parte daqueles que trabalham no setor”, opina.
NÚMEROS EM DETALHES
Índice Futuro: apresentou queda de 40%, na comparação com o mês de maio de 2019. Registrou 94,25 pontos, cruzou a faixa de valores abaixo de 100, que considera pessimismo na metodologia do IFECAP. No entanto, vale ressaltar que este indicador chegou a números inferiores ao que acompanhamos neste momento, entre setembro de 2015 e abril de 2016. Este índice é calculado com base nas expectativas dos empresários em relação às suas vendas e encomendas em um horizonte temporal de três meses.
Índice Momento Atual: foi o indicador que sofreu maior retração, de 62%, na comparação com o mesmo período de 2019, o que mostra imenso desalento dos empresários do comércio paulista em relação ao momento atual. O índice atingiu 40 pontos para o mês de maio, o menor valor da série histórica. O índice corresponde às respostas dos empresários sobre as encomendas atuais a fornecedores; a evolução das vendas no período atual; e a avaliação da situação geral dos negócios.
Índice Geral: é o indicador composto pela agregação dos dois índices descritos acima. Registrou queda profunda em comparação com a última pesquisa realizada em março. A queda foi de 39,4%, chegando a 61,7 pontos, na série sem ajuste sazonal. Este é o menor valor já registrado, cruzando a faixa de valores abaixo de 100, que considera pessimismo na metodologia do IFECAP. Na comparação com o mês de maio do ano anterior, a queda foi ainda maior, registrando queda de 51%.
No mês anterior, abril de 2020, não foi realizada a produção do Índice IFECAP, devido ao decreto que permitia apenas a abertura de comércios e serviços essenciais. A equipe de pesquisadores realizou esforço na produção do índice do mês de maio. Durante os 8 dias de coleta, seguindo a metodologia, obteve-se uma amostra reduzida, 65,52% menor do que o habitual. Atrelado a este cenário, encontrou-se também dificuldade no contato com os empresários de todos os setores. Sendo assim, frisamos a importância de levar em consideração a existência de possíveis problemas amostrais e de “viés de atividade”.