PA do Jardim Paulista completa um ano como hospital de retaguarda

Transformado em hospital de retaguarda para tratamento de pacientes com a Covid-19, o Pronto Atendimento Vanderson César de Almeida, no Jardim Paulista, completa um ano dessa nova configuração nesta terça-feira (dia 27).

Segundo levantamento do hospital, até a última sexta-feira (dia 23), a unidade contabilizou 810 internações e 652 altas.

Para atender os pacientes com o novo coronavírus, a unidade, antes dedicada ao pronto atendimento de especialidades como pediatria e clínica médica, passou por adaptações estruturais.

Como conta Regina Helena Tavares de Souza, diretora clínica do Pronto Atendimento, além da aquisição de respiradores, materiais e equipamentos de suporte, foram criados 46 novos leitos. “Essa unidade foi escolhida por possuir a estrutura física mais adequada e uma equipe técnica qualificada para o tipo de atendimento exigido no momento da transição”, explica Regina.

A unidade também reforçou a equipe com a contratação de seis médicos, dez técnicos de enfermagem, dois enfermeiros e dois fisioterapeutas. Profissionais de outros equipamentos de saúde do município completaram a equipe multidisciplinar, dentre eles três fisioterapeutas e dois assistentes sociais.

Hoje o Pronto Atendimento conta com aproximadamente 215 funcionários. “Toda a equipe, sem exceção, está bastante comprometida com nosso principal objetivo que é o sucesso no tratamento dos pacientes. E as estatísticas e os elogios que recebemos confirmam esse comprometimento”, destaca Regina.

Ao longo desse um ano, houve ao todo 21 óbitos, índice considerado baixo, cerca de 2%, de acordo com a diretora clínica da unidade. Desse número, 16 foram em decorrência da Covid-19 e os outros cinco devido a outras causas. No caso desses cinco pacientes, os resultados dos testes para o Sars-CoV-2 deram negativo.

A equipe do Pronto Atendimento também sofreu a perda de um dos colegas, o fisioterapeuta Luiz Fernando Nardy Vasconcellos, de 59 anos, que trabalhava na unidade desde a abertura, há quase dois anos. O profissional esteve internado em uma unidade hospitalar da capital paulista.

“Em um piscar de olhos nosso colega mudou de posição: de profissional passou a ser paciente. Muitas vidas foram salvas, e Luiz com certeza teve papel fundamental para que tantas famílias recebessem de volta suas pessoas queridas. Temos a certeza de que ele partiu fazendo o que tanto amava e exercia com tanto carinho e maestria”, comenta Danila Martins, assistente social do Pronto Atendimento.

De volta ao lar
Após receber alta, o degustador e classificador de café Valdeci Rodrigues Pontes, de 73 anos, pouco a pouco tem retomado a rotina. Sem sequelas e com os exames médicos normais, o morador do bairro São Jorge realiza suas caminhadas no Parque Municipal da cidade. Algo impensável há algum tempo, quando ficou 33 dias internado no PA do Jardim Paulista, entre os meses de setembro e outubro de 2020.

A esposa de Valdeci, Elenice Costa Vilela Pontes, conta que foram momentos bem difíceis para a família, já que ele sempre teve uma ótima saúde e até então nunca tinha ficado internado. “Cada dia que passava a angústia era muito grande. Todos da família ficamos apreensivos, orando muito para o pronto restabelecimento dele”, comenta.

Elenice também relata que a preocupação e o medo eram amenizados graças ao bom acolhimento dado pelo hospital e à boa relação com os médicos que, sempre prestativos, respondiam a todos seus questionamentos. “No PA do Jardim Paulista, meus filhos e eu fomos muito bem tratados, com muita atenção, desde a pessoa que me atendia lá na portaria até os médicos. As assistentes sociais foram um canal muitíssimo importante durante aqueles dias, porque elas faziam chamadas de vídeo para que meus filhos e eu pudéssemos ver o Valdeci, e isso era um alívio, um conforto muito grande”, diz.

Outra paciente que pôde contar com todo o apoio da equipe do PA nesse momento delicado foi a comerciante Iara Prata Ximenes, de 47 anos. Levada pelo marido, chegou ao Pronto Atendimento já com um quadro grave da doença — 50% de comprometimento pulmonar.

A moradora do Jardim Tupanci ficou internada 25 dias, de 16 março a 9 de abril, parte deles na unidade de terapia semi-intensiva. Emocionada, conta como foi importante o acolhimento no hospital: “não tenho como mensurar a gratidão que eu tenho para com os enfermeiros, os médicos, pelo tratamento que eu tive ali. Eu falei pra eles: vocês vão continuar aqui, mas eu vou sair e levá-los comigo, porque vocês agora fazem parte da minha vida.” Hoje, Iara se recupera em casa ao lado das filhas e do marido.

Atendimento humanizado
O atendimento vivenciado por Valdeci e Iara tem sido uma constante no PA do Jardim Paulista.

A enfermeira Renata Carvalho dos Santos, responsável técnica da unidade, explica que diante de uma doença como a Covid-19, que requer, muitas vezes, um tempo maior de internação e limita o convívio do paciente com a família e amigos, os vínculos entre profissionais e pacientes se tornam muito fortes.

Não à toa, a equipe técnica celebra cada avanço no quadro de saúde do paciente, desde o aumento de saturação de oxigênio até a recuperação da autonomia para a realização das tarefas cotidianas. Também comemoram aniversários, realizam ligações de vídeo, cantam e rezam juntos.

“A Covid-19 é uma doença que, além do aspecto físico, acomete psicologicamente e emocionalmente os pacientes. E esse sentimento se estende também aos profissionais. Tenho dito que nunca mais seremos os mesmos após a experiência adquirida nesse período. Seremos diferentes como pessoas e profissionais”, conclui Renata.Previous

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