Turismo: Egito, destino cheio de história e religiosidade
Um dos países que abriu as portas para o turismo pós-pandemia, foi o destino escolhido da jornalista Meiri Borges. A jovem passou 12 dias, em novembro passado, sozinha na terra das pirâmides milenares e dos templos dedicados aos deuses do mundo antigo, conhecendo monumentos e vivenciando a experiencia de estar num país com uma cultura tão diferente da nossa.
Conhecer o Egito estava na minha lista de coisas para fazer antes de morrer. De férias do trabalho, não demorei muito para decidir que esse seria o lugar que passaria minhas férias do trabalho. Mas a intenção não era descansar. Meu objetivo era desbravar tudo o que eu pudesse. Com esse pensamento, embarquei para lá.
Antes de embarcar, precisei apresentar o resultado negativo do PCR para o coronavírus, quase 24 horas depois, finalmente cheguei à terra dos faraós. Para entrar, porém, precisei realizar um novo teste de covid. Sem o coronavírus no corpo, recebi o visto para entrar no país.
Foi aí que comecei a ter minhas primeiras impressões. A primeira cidade foi o Cairo. No trânsito, não existe regras. Não vi agentes controlando o ir e vir dos carros. Os pedestres atravessam fora da faixa e os carros não param para eles atravessarem. Mesmo em meio a essa loucura, por mais inacreditável que seja, descobri que o índice de acidentes de trânsito é menor do que o de São Paulo, por exemplo.
Conhecer a história do começo da civilização humana foi possível através da visita ao Museu egípcio. Com sarcófagos, múmias e uma infinidade de artigos encontrados nas escavações que acontecem até hoje, visitar o museu me ajudou muito a entender que, nós humanos, temos uma capacidade de realizar grandes feitos desde sempre.
Visitar as pirâmides, que são as únicas das 7 maravilhas do mundo antigo que ainda existem, foi um momento especial. impressionante a perfeição de como foram construídas. A energia de lá também é sobrenatural.
Da loucura e do agito do Cairo, fui para Luxor. Uma cidade mais ao sudoeste do país, margeada pelo rio Nilo e onde está parte do deserto do Sahara. Foi o meu destino favorito, mas não foi esse o meu pensamento assim que aterrizei na cidade. Cheguei à noite, o lugar é calmo e silencioso, diferente da loucura da Cairo barulhenta. O guia me aguardava, afinal, em Luxor não tem taxi comum e aplicativo de transporte não funciona lá. Precisava de alguém para me levar ao hotel. Ao sair do aeroporto para pegar o carro, passei por um corredor de muito homens vestidos com batas e turbantes na cabeça. Preconceito meu, a sensação era de estar em meio a muitos “homens bombas”, como a gente vê na televisão. Perdão, Egito. Que preconceito meu! O Jellabiya, são roupas tradicionais para os muçulmanos, assim como a burca para as mulheres. E, dependendo da cor, podem sinalizar se o homem é rico, podre, se tá feliz ou triste e ajudam a enfrentar os dias quentes e as noites frias do deserto.
De Luxor, peguei um trem para Aswan, cidade ao sul do país que faz fronteira com o Sudão. Mulher e sozinha preferi pagar o correspondente a R$ 45 para viajar no vagão de primeira classe. Depois de 3 horas viajando as margens do rio Nilo, cheguei à cidade que significa “mercado”. E Minha experiência com os comerciantes de lá foi um tanto quanto cansativa. Em todo o Egito é muito difícil encontrar preço nas mercadorias. E para comprar algo é necessário barganhar. Você escolhe o produto, pergunta o preço, e eles decidem na hora quanto vale. Geralmente colocam um valor bem alto para, depois de negociar, chegar ao valor real do produto. Eu fui já sabendo desse costume, é comum, mas só estando lá para entender como funciona. Em Aswan eu fiquei cansada de barganhar. Conheci a Vila Nubia, um pequeno povoado que vive da produção e venda do artesanato local. É tudo lindo e muito colorido. Tive a real sensação de estar na África. As características físicas são diferentes dos povos mais ao norte do país. A pele é bem escura e tanto os traços quanto as vestimentas são de típicos africanos. Trouxe na mala artesanatos produzidos por eles e foram as aquisições mais disputadas pelos amigos e familiares aqui no Brasil.
Em Aswan fica o Templo Philae, dedicado à deusa Ísis, a deusa do amor. Estando lá, não perdi a oportunidade de conhecer esse que é considerado o templo mais feminino de todo o Egito. Dizem que visitar o local atrai sorte para o amor. No meu caso, amor nunca é demais.
De volta ao Cairo, quase me despedindo da terra dos faraós e dos deuses do mundo antigo, revivi a sensação de estar em uma cidade bombardeada. Não é exagero. Antes de sair do Brasil, peguei um hotel no centro do Caíro, um hotel modesto pelas fotos, já que o objetivo da viagem não era descansar e sim explorar o país. Mas essa foi a primeira experiencia que fez eu sentir muito medo. A cidade parece que foi bombardeada, os prédios estão se deteriorando, as fachadas estragadas, aí junta com a poeira do deserto e com a poluição, e o aspecto fica como o de uma cidade que passou por uma guerra. Mas o Governo está restaurando a região central da cidade e construindo novas casas para a população mais pobre. O trânsito também é um aspecto singular. Não tem uma regra, parece não ter lei, mas por incrível que pareça, o índice de acidente é menor que o de São Paulo. Ao som de constantes buzinas, as pessoas atravessam em meios aos carros, ninguém para na faixa, muito menos para o pedestre passar. É um desafio e tanto passar para o outro lado da rua.
Mas quero falar sobre as mulheres do Egito. Por onde passei recebi o carinho delas. Mulheres e crianças me paravam nas ruas pedindo para tirar fotos comigo, conversar, tocar em meu cabelo. No primeiro momento eu não entendi o motivo, mas depois o guia me explicou que elas acham as mulheres de fora como joias, como algo precioso. Meu Deus! No dia que fui ao Khan El Kalili, o maior mercado do Cairo, a polícia teve que intervir. Uma aglomeração se formou de homens, mulheres e crianças para tirar foto comigo, atrapalhando a passagem e a entrada das lojas. A polícia egípcia chegou gritando mandando eu sair correndo dali. Na verdade, eu entendi que era isso pelo semblante bravo dos policiais, mas falando em árabe eu não compreendi nenhuma palavra, mas obedeci a ordem.
O idioma é o árabe, mas consegui me comunicar em inglês e espanhol na maior parte do tempo, quando não era possível, usava a aplicativo de tradução para falar o que eu queria em árabe.
Minha dica para quem quer desbravar o Egito é que o faça através de uma agência de turismo. Em um país com uma cultura, idioma e costumes tão diferentes dos nossos, é muito importante contar com a ajuda de um profissional. Eu saí do Brasil sem achar que era necessário, mas chegando lá, por mais corajosa que eu seja, não dá para fazer alguns passeios e circular pelo país sem a presença de um profissional habilitado pelo Governo egípcio para isso. Tive a benção de conhecer a agência do Hossam El Fangary, um egípcio que já morou no Brasil e tem a Activa Travel, uma agência de viagens especializada em atender brasileiros. Graças a assessoria e aos guias que ele colocou para me acompanhar, minha experiencia no Egito foi muito mais enriquecedora.
Deixei nos destaques do meu Instagram @meiriborges meus relatos e algumas curiosidades de tudo que vivi por lá. O que mostrei não é nem 10%, mas dá para vivenciar comigo um pouco do Egito. A viagem que me ajudou a descobrir características minhas que não sabia que possuía e que resgatou aspectos da minha personalidade que estavam escondidos. Voltei mais forte e com uma visão mais ampla sobre o início da civilização humana, da filosofia que fez nossos antepassados seres fortes e únicos e que nos ajuda a entender o comportamento da sociedade atual. Foi sem dúvidas, uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida.