Paratleta de Barueri é convocada para seleção brasileira
“Um campeão é definido pela adversidade que ele supera”. A frase do ex-campeão mundial do UFC, Anderson Silva, é uma das melhores definições para representar a trajetória do atleta de vôlei sentado da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Barueri (SDPD), José Clinio de Oliveira Silva, também conhecido como Júnior.
De uma adolescência complicada, convivendo desde cedo com a violência, Júnior hoje já pode ser considerado um campeão. Pela primeira vez o atleta da equipe de vôlei sentado de Barueri, de 35 anos e mais de 10 anos no esporte, foi convocado para integrar a Seleção Brasileira da modalidade no Torneio Holandês de Vôleibol sentado, que acontecerá entre os dias 27 de junho e 4 de julho, na cidade de Hassen.
O atleta, que atua como ponteiro passador, disse que é “um sonho” poder representar o Brasil numa competição internacional. Mas para realizar seu sonho, Júnior tem uma trajetória de superações. Ele precisou amputar a perna direita após um tiro, que tomou quando tinha 18 anos e estava jogando futebol na quadra de uma escola pública de Osasco.
Desenvolvimento rápido
Casado, pai de duas crianças – Bianca, de 11 anos, e Bernardo, de cinco, lembra que foi convidado aos treinos do vôlei sentado por uma ex-jogadora de vôlei, chamada Larissa, da Prefeitura de Barueri. “No início, não gostei muito. Eu era do futebol, mas acabei me interessando pelo esporte e rapidamente consegui me adaptar e meu desenvolvimento técnico foi bem rápido”, comentou.
Hoje Júnior ressalta também o apoio que teve da SDPD, principalmente do secretário Carlos Roberto da Silva, o professor Carlinhos, que também é jogador de vôlei sentado.
“Não tem como não agradecer por tudo que ele fez por mim. Ele mudou minha história”, disse Júnior, que também apontou o apoio da Prefeitura de Barueri. “De certo modo, o esporte me ‘resgatou´ e mudou minha história”, completou.
Expectativa grande
Sobre as chances da equipe brasileira na competição holandesa, disputa paralela às Paraolimpíadas e classificatória para o Mundial, Júnior está otimista: “a expectativa é grande, nosso time é forte”. Além de Brasil e Holanda, a competição terá também delegações da Alemanha, Estados Unidos, Casaquistão, Canadá, Inglaterra e Líbia.
A técnica do vôlei sentado de Barueri, Adriana Maria de Sá Leal, ressaltou que o time está em renovação, mas desponta entre os quatro principais no campeonato paulista, ao lado do SESI, Paulistano e São José dos Campos. Adriana, ex-atleta e professora de educação física, assumiu há pouco o comando da modalidade na cidade.
Adriana comentou que há vários talentos no grupo de 20 paratletas, entre iniciantes e veteranos, que treinam o vôlei sentado em Barueri, entre o masculino e feminino. A treinadora citou o caso de Isaac Bergamin Félix, de 14 anos, da seleção brasileira sub-23.
Preparação para o Paulista
Tanto as equipes masculina e feminina treinam no Ginásio Caetano Manoel da Silva, na rua Isaías Pereira Souto, 206, no Jardim Belval. Os treinamentos acontecem às terças e quintas-feiras, à noite, das 19h às 21h. Agora a preparação é voltada ao Campeonato Paulista, que começa em junho.
Adriana convida pessoas com deficiência que tenham interesse no esporte a entrar em contato com a SDPD pelo “fale conosco” da Secretaria (sdpd.faleconosco@barueri.sp.gov.br). Só é preciso, além de gostar e ter aptidão para o paradesporto, ter avaliação médica aprovada e passar por um período de adaptação. O vôlei sentado tem praticamente as mesmas regras do vôlei convencional, só as dimensões da quadra são um pouco menores e a altura da rede mais baixa.