Barueri discute segurança alimentar em Encontro de Nutrição e Alimentação
Estima-se que a insegurança alimentar atinja atualmente cerca de 33 milhões de brasileiros. Diante dessa realidade, os conceitos de pobreza, de insegurança alimentar, do desperdício e aproveitamento integral dos alimentos e do meio ambiente tornaram-se fundamentais e ganharam centralidade durante o 2º Encontro Municipal de Alimentação e Nutrição, promovido pela Secretaria de Saúde de Barueri por meio da diretoria de Nutrição no dia 7 de outubro.
Depois de dois anos do 1º Encontro, que ocorreu em 2019 e precisou ser interrompido por causa da pandemia de Covid-19, esta segunda rodada de palestras contou com a participação de 75 profissionais das áreas de nutrição, assistência social, enfermagem, gestores da Atenção Básica à Saúde, entre outros. A iniciativa vai ao encontro da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece por metas a erradicação da pobreza, o fome zero e a agricultura sustentável.
A diretora técnica de Nutrição da Coordenadoria de Ações Básicas em Saúde (Cabs) e organizadora do encontro, Daniele Menezes Teixeira, explicou que o evento faz parte das comemorações do Dia Mundial da Alimentação, em 16 de outubro. Não por acaso, o tema deste ano é “Não deixar ninguém para trás: melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e uma vida melhor”, por isso a intersetorialidade na abordagem do assunto, conforme o Encontro deste ano em Barueri.
Desnutrição e obesidade
Convidada para o evento, a nutricionista Luisa Gazola Lages, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutoranda no programa Nutrição e Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), apresentou as “duas faces” de uma alimentação inadequada. Ela também falou sobre o guia alimentar e o consumo dos chamados ultraprocessados.
Luisa falou sobre a falta de acesso a uma alimentação de qualidade. E também sobre a falta de qualidade nutricional dos alimentos que boa parte da população acaba por consumir. “De um lado tem a alimentação inadequada que leva à desnutrição, e de outro, a que leva à obesidade”, completou.
Sociedade civil
Outra convidada, a nutricionista Vera Helena Lessa Vilella, mestre em Saúde Pública pela USP e diretora do Sindicato de Nutricionistas do Estado de São Paulo (Sindinutrisp), abordou a questão da responsabilidade da sociedade civil e do poder público no enfrentamento do problema e também da importância do Comsea (Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional).
Pela Sads, as palestrantes Mariana de Oliveira Leite e Osvana da Silva Liecnienski, apresentaram o SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e sua lógica de funcionamento no âmbito das relações com os demais níveis de governo – estadual e federal. “É preciso conhecer a realidade dos territórios e a realidade dos distritos, verificar as famílias mais vulneráveis e perceber que não se trata apenas, muitas vezes, de uma questão de renda, mas também de falta de acesso aos serviços públicos”, disse Mariana.
Mariana é diretora na Coordenadoria Técnica de Gestão do Suas na Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de Barueri (Sads) e responsável pelo setor de vigilância socioassistencial, a cargo do gerenciamento do Cadastro Único/Auxílio Brasil). Osvana da Silva Liecnienski é coordenadora do serviço social do setor de atendimento da Sads.
E, por fim, a vice-presidente do Fundo Social de Solidariedade de Barueri, Valéria Fugii Conceição Rodrigues de Barros apresentou os programas o Horta da Gente e o Renascer, todos com suas devidas intersetorialidades junto aos demais órgãos do governo municipal.
Saúde e assistência social
Para Lucineide Maria da Silva, enfermeira da Unidade Básica de Saúde (UBS) Hermelino Liberato Filho, no Jardim Belval, o encontro foi “muito interessante, principalmente pensando na ampliação dos serviços públicos, como a produção e entrega de produtos orgânicos para ainda mais famílias do município”.
A assistente social Amanda Assunção, da UBS Adauto Ribeiro, no Parque dos Camargos, concorda. “Foi muito importante ver que nutrição não trata apenas de saúde, mas também do social”, pontuou. Posição semelhante à da colega Cleomarta de Jesus, do Hospital de Retaguarda do Jardim Paulista: “podemos ver que a questão da insegurança alimentar vai muito além da política de entrega de cesta básica, mas envolve vários outros aspectos”.