Arcabouço fiscal marcou 100 dias do Governo Lula na economia, diz presidente do Ciesp
Reformas tributária e administrativa serão cruciais para definir o sucesso do governo
Para Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), entidade que representa cerca de 8.000 indústrias no estado, 100 dias é pouco tempo para se avaliar um governo, entretanto o anúncio do novo arcabouço fiscal foi a principal iniciativa do Governo Lula na economia em seus primeiros três meses, completados nesta segunda-feira (10/04). “Trata-se de algo fundamental para estabelecer mais confiança dos agentes do mercado quanto à responsabilidade com o orçamento federal e a dívida pública, fundamentais como suporte à retomada do crescimento.”
O líder empresarial ressalva, porém, a urgência da aprovação e sanção da matéria, para que as regras do jogo sejam definidas e respeitadas. “A marca de 100 dias, embora tenha toda uma simbologia, vale muito mais no sentido de sinalizar como será a gestão do que pelas medidas adotadas, considerando que muitas delas, como o próprio arcabouço, não têm tempo de se concretizar no período”, pondera. “Falta, e desde a campanha, um Plano de governo claro. E isso causa insegurança”, lembra o empresário.
Segundo Cervone, outra decisão relevante diz respeito ao aumento do salário-mínimo para R$ 1.320,00, a partir de maio. Será preciso ver qual será o impacto na economia e nas próprias contas públicas. “Esperamos que seja capaz de estimular o consumo das famílias, sem efeitos negativos na inflação”. No aspecto juros, a atual taxa elevada segue travando a possibilidade das indústrias, e de todos os demais setores produtivos, investirem.
O presidente do Ciesp lembra a promessa de campanha de que a reforma tributária seria abordada pelo governo em seus três primeiros meses. Na sua visão, trata-se do mais importante passo neste momento para que a economia brasileira tenha fundamentos mais sólidos para crescer.
“É preciso acelerar essa agenda, juntamente com a reforma administrativa, para que o País tenha impostos mais racionais, menos onerosos para a sociedade e os setores produtivos, equânimes entre todos os ramos de atividade e de arrecadação mais simples. E precisamos de um Estado mais eficiente, produtivo e menos dispendioso para os brasileiros”, ressalta Cervone. Para ele, o sucesso na concretização dessas medidas estruturais será fator importante para definir o êxito da gestão.
O dirigente acentua, ainda, a necessidade de uma ação mais efetiva contra a criminalidade, que passa pelos governos estaduais. Para ele, é urgente conter uma escalada da violência, coibindo episódios como os recentes ataques no Rio Grande do Norte. “No mais, esperamos que o Governo Lula, o Congresso Nacional e todos os políticos e autoridades contribuam para pacificar o Brasil e atenuar o tom da retórica política, para que possamos ter mais foco no que precisa ser feito. Como prega o slogan do governo, é preciso união. Mas, sem revanchismo.”