Barueri auxilia na sustentabilidade do planeta
Barueri tem um reconhecimento nacional pela sua política de sustentabilidade. Figura em 176º lugar dentre os 5.570 municípios brasileiros no Índice de Desenvolvimento de Cidades Sustentáveis (IDSC). Está em primeiro lugar dentre os municípios da região Oeste e em segundo da Grande São Paulo. Perde somente para São Caetano do Sul, que é o primeiro.
Antes mesmo de o conceito de sustentabilidade estar plenamente definido, Barueri já começou a adotar políticas públicas que visavam a interrupção da agressão ambiental. As principais medidas foram a desativação do lixão que havia no Bairro dos Altos em 2002 e a implantação do Programa Municipal de Coleta Seletiva através de parceria com a Cooperyara (Cooperativa de Trabalho dos Profissionais Prestadores de Serviço de Reciclagem do Lixo do Município de Barueri e Região).
Lixo reciclável
Os oito caminhões-baús da Secretaria de Serviços Municipais (SSM), que fazem a coleta seletiva em dias alternados em todos os bairros de Barueri, levam todo o lixo reciclável (latas de alumínio, vidros, embalagens plásticas, papel etc…) para a sede da Cooperyara, parceira da Secretaria de Recursos Naturais e Meio Ambiente (Sema).
“As cerca de 265 toneladas de material reciclável coletadas todos os meses são doadas à Cooperyara, que é responsável pela triagem e comercialização”, informa Jonatas Fernandes Marques, engenheiro ambiental, responsável pela Divisão de Coleta Seletiva da Sema.
“Temos atualmente 59 cooperados (30 mulheres). Eles não têm salário fixo. A retirada mensal de 1,5 salário mínimo em média é definida pelo volume de material separado e vendido para empresas do setor”, diz Tabata Felix, diretora cooperada. A Prefeitura de Barueri fornece 12 cestas básicas mensalmente, que são utilizadas no preparo de refeições para os cooperados.
“Recebemos um total de 4.738.470 kg de material reciclável em 2022, já incluídos os 2.360.730 kg que a Prefeitura de Barueri manda. O restante vem de doações de empresas e condomínios do próprio município e de fora”, acrescenta Tabata. A Cooperyara possui três caminhões para coleta de material reciclável em empresas doadoras.
Uma das maiores dificuldades do trabalho dos cooperados é que chega muito lixo orgânico misturado ao reciclável. “Muitas pessoas ainda não têm o hábito de separar o lixo orgânico do reciclável. O ideal é que o munícipe separe corretamente o lixo e o envie com mais frequência para a reciclagem”, arremata Tabata.
Reciclagem de madeira
Se um pedaço de madeira pode causar o entupimento de um bueiro, imagine o transtorno que dezenas de pallets de madeira jogados sem qualquer critério ao relento poderia acarretar. A Cooperativa Unindo Forças, situada no Vale do Sol, surgiu há mais de 20 anos do incômodo da moradora Jordânia Pereira da Silva, que tinha seu trabalho de lavagem de roupas prejudicado pela fuligem da queimada de pallets que algumas pessoas inconscientemente faziam em um ponto viciado de descarte na região.
Jordânia recolhia os pallets para que não fossem incinerados à toa e, com o tempo passou a fazer banquinhos, caixinhas, vasos e pequenos objetos se valendo de muita criatividade e de ferramentas improvisadas. Ela mesma ficou surpresa quando bateram à sua porta dizendo que ela era uma praticante da sustentabilidade.
A Prefeitura de Barueri cedeu espaço para montagem, orientou na constituição da Cooperativa, equipou a marcenaria e promoveu a capacitação de cooperados junto ao Senai. Hoje em dia a presidente Jordânia tem oito cooperados (cinco mulheres) sob o seu comando (já teve mais de 30). Há também 12 prestadores de serviços que cumprem horas de serviço comunitário determinadas por autoridade judicial.
A renda mensal média é de R$ 1.500,00, oriunda da venda de caixas decorativas para uma rede de lojas de móveis de alto padrão (Tok & Stok). “Reciclamos cerca de 5.000 pallets (50 toneladas), que se transformam em mais de 500 caixas da ‘linha feira’ (similares aos caixotes de frutas) todos os meses. Acabamos de montar uma loja virtual, que tem 17 produtos à disposição do consumidor”, conta ela.
“Conseguimos nos credenciar junto à Infraero (Aeroporto de Congonhas) e estamos negociando com a Ford do Brasil. Estaremos fazendo uma exposição e uma palestra na sede da fábrica em Tatuí no mês de junho. Deveremos receber mais de sete toneladas de madeira somente na primeira remessa. Vamos precisar de novos cooperados em breve”, prevê Jordânia, que está ministrando a oficina “Marcenaria Básica com Pallets” no Sesc Pompeia. A reciclagem evita agressão ambiental, gera renda, contribui para a reinserção social e multiplica conhecimentos.