Audiência Pública na Câmara de Osaco esclarece população sobre esporotricose
Encontro reuniu veterinários e defensores da causa animal em debate sobre o tema
Ainda pouco conhecida da população, a esporotricose é uma doença que afeta animais e seres humanos e tem os felinos como principais vetores de transmissão.
Com o objetivo de disseminar informações sobre a doença, a Câmara Municipal de Osasco promoveu, na noite da última quarta-feira (12), uma Audiência Pública que reuniu especialistas, representantes da Prefeitura de Osasco e defensores da causa animal.
Promovido pela Comissão Permanente de Saúde e Assistência Social do Legislativo, o encontro aconteceu a pedido do presidente da Frente Parlamentar de Proteção e Defesa dos Animais, vereador Ralfi Silva (Republicanos).
O parlamentar foi o responsável pela presidência dos trabalhos e foi secretariado pelo vereador Alexandre Capriotti (PL).
Também debateram o tema a secretária-executiva de Fauna e Bem-Estar Animal, Ingrid Leal da Silva; a médica veterinária responsável pelo Núcleo de Controle de Zoonoses (NCZ) de Osasco, Magda Ferreira Batista Pedroso; o presidente da Associação dos Veterinários de Osasco e Região, Renato Pinto de Lima; e defensores da causa animal.
“A gente recebe uma aula toda vez que tem uma Audiência Pública aqui. Na semana que vem nós vamos entrar com um projeto de lei em conjunto com o Capriotti, para que seja obrigatória a notificação da esporotricose em nossa cidade”, anunciou Ralfi.
“Tenho certeza de que construção de política pública, lado a lado, entre Zoonoses e a secretaria-executivo, quem vai ganhar é o munícipe, são os animais. Podem contar, sem dúvida, com o Legislativo, para a elaboração de leis nesse sentido”, completou Alexandre Capriotti.
A secretária municipal Ingrid Leal colocou a pasta à disposição dos munícipes, ONGs e protetores no que diz respeito à educação em saúde e defendeu a capacitação de todos os servidores no tema.
“Uma das pautas é trabalhar a educação continuada dos nossos servidores e dos demais servidores que trabalham direta ou indiretamente com a esporotricose. Esse apoio do Bem-Estar Animal, Zoonoses e Saúde humana é essencial”, pontuou.
O presidente da Associação dos Veterinários de Osasco e Região, Renato Pinto de Lima, colocou a entidade que representa o poder público para ajudar no enfrentamento da doença. “A sociedade precisa ficar sabendo e as notificações, aumentando, vamos melhorar muito a questão da esporotricose e de outras zoonoses dentro do município”.
O que é esporotricose?
Durante o evento, a médica veterinária do NCZ, Débora Nunes de Souza, ministrou a palestra “Esporotricose – Desafios e Soluções”. Ela passou informações sobre a doença, que afeta animais e seres humanos, tendo os gatos como principais hospedeiros. Segundo a especialista, trata-se de uma doença fúngica, que provoca lesões na pele. O diagnóstico é feito por meio de exame de cultura fúngica.
“São lesões que não cicatrizam, têm muito sangue. Por isso, ao notar ferida no animal, procure o médico veterinário”, explicou.
A médica realizou um mapeamento da doença na cidade de Osasco, com dados entre 2022 e 2024. De acordo com Débora, em 2022 houve 12 registros da doença. Em 2023, foram 32 casos e, em 2024, já existem 20 casos positivos de esporotricose.
Ainda conforme aponta a veterinária, os bairros mais afetados são a Vila Menck (sete casos), Jardim Cipava (seis) e Jardim São Pedro (cinco).
O grupo de risco é formado pelos chamados gatos “errantes”, que vivem nas ruas. Além do controle dos gatos de rua, é importante que os gatos domésticos fiquem dentro de casa. “Toda vez que a gente faz esse trabalho, fala da importância de não deixar os animais terem acesso à rua. O conhecimento salva a vida do animal e do ser humano”, acrescentou Débora.
Os protetores de animais também são outro grupo bastante exposto à doença. Jaci Malagoli, protetora da Ação Vida Animal e Meio Ambiente (Avama), disse que já teve contato com a esporotricose em Osasco em 2016.
A protetora defendeu a união de todos os segmentos para o controle da doença. “Realmente é um problema bem difícil de se controlar. Vai ter que ter a união de todas as pessoas, veterinários, protetores, pessoas que cuidam de animais, para que divulguem mais, procurem notificar os casos que aconteçam”, disse.
Questionamentos
Dentre os questionamentos apresentados no encontro, os destaques são sobre a coleta de material, diagnóstico e tratamento. A coleta é feita por veterinários do NCZ. Os tutores dos animais devem levá-los para o procedimento.
De acordo com a secretária Ingrid Leal, a partir do momento em que o animal chega ao hospital veterinário público e há a suspeita da doença, é encaminhado ao NCZ para a confirmação do diagnóstico via coleta de material. Depois, o tutor recebe a receita do Itraconazol – medicamento usado no tratamento e que deve ser adquirido na rede privada.