Condições climáticas desfavoráveis, tarifas de energia mais altas
Especialista explica por que isso acontece e como reduzir os impactos na conta de luz
Os eventos climáticos estão afetando cada vez mais a população e suas consequências já são percebidas no bolso das famílias. Desta vez, o tempo seco e os baixos níveis dos reservatórios de água resultaram em condições adversas para a geração de energia. O que isso significa? Que, agora em outubro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionará a bandeira tarifária vermelha no patamar dois. A última vez que isso ocorreu foi em agosto de 2021, durante a crise hídrica que impactou o país.
Essa medida reflete o alto custo de geração de energia no Brasil, especialmente em períodos de maior demanda e menor oferta de fontes renováveis. O engenheiro eletricista Valdemir Souza dos Reis, coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), alerta sobre esse cenário.
“A sinalização por bandeiras tarifárias é uma importante ferramenta de conscientização para incentivar a economia de energia. Embora essa forma de educação seja crucial, é fundamental atenção redobrada principalmente em momentos nos quais se torna ainda mais necessário o uso racional da eletricidade, como no início da noite, quando o consumo tende a ser maior”, explica Valdemir.
O Brasil conta com uma matriz energética diversificada, composta por diferentes tipos de usinas, cada uma com seus próprios custos de produção. Para sinalizar os períodos em que a geração de energia se torna mais onerosa, foram desenvolvidas quatro bandeiras tarifárias (verde, amarela, vermelha patamar um e vermelha patamar dois). Esse sistema foi introduzido pela Aneel em 2015. Antes disso, o repasse dos custos mais elevados ocorria até um ano depois, por meio de reajuste.
A mudança de uma bandeira para outra pode ocorrer por diversos fatores, como a redução na geração de fontes mais econômicas, como solar e eólica; a escassez de chuvas, que afeta a produção das usinas hidrelétricas; a necessidade de ativação das usinas térmicas; além de variações nos preços de mercado e encargos do setor, que impactam os distribuidores de energia.
“O principal objetivo é alertar o consumidor sobre a necessidade de um uso consciente, evitando desperdícios. Com isso, é possível prevenir racionamentos, já que os recursos energéticos serão melhor utilizados, além de reduzir o valor da fatura, pois as pessoas tendem a ser mais cautelosas quando a bandeira indica uma tarifa amarela ou vermelha”, acrescenta o engenheiro.
A cor vermelha é utilizada nas condições mais onerosas de geração e possui dois patamares: o primeiro, com acréscimo de R$ 0,04169 para cada quilowatt-hora (kWh), e o segundo, mais crítico, com aumento de R$ 0,06243 por kWh. Na prática, isso significa um acréscimo de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Para se ter uma ideia, 32 minutos diários do chuveiro elétrico consomem cerca de 88 kWh em um mês, fazendo deste o responsável pelo aumento médio de até 25% nas faturas. Já um modelo de ar-condicionado de até 9 mil Unidades Térmicas Britânicas (BTUs, da sigla em inglês), que diz sobre a capacidade de resfriamento do aparelho, consome 128 kWh se usado por oito horas durante 30 dias, enquanto um modelo com 30 mil BTUs chega a 680 kWh no mesmo período.
Outros exemplos são o cooktop, com consumo médio mensal de 68 kWh, e freezer vertical, com 54 kWh, de acordo com dados divulgados pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Ou seja, atitudes simples de uso consciente desses eletrodomésticos e equipamentos elétricos podem ajudar a amenizar o impacto nas finanças, como substituição de lâmpadas comuns por modelos de LED, moderação na duração dos banhos e o melhor aproveitamento da luz natural.
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