Casos importados de sarampo alertam para importância da vacinação também dos adultos
Adolescentes e adultos não imunizados também devem se proteger. Vacina é recomendada do 1º ano de vida aos 59
Os dois casos importados de sarampo registrados em São Paulo em outubro acenderam alerta sobre a necessidade de manter a vacinação em dia para evitar a doença, que apresenta alto potencial contagioso e pode gerar complicações em 30% dos infectados. Os pacientes são uma mulher de 35 e um homem 37 anos, da zona sul da cidade, que viajaram para três países europeus em setembro. No total, foram notificados quatro casos importados de sarampo em 2024 no país que, desse de 2022, não registra casos autóctones (transmitidos em território nacional).
“É uma doença grave e a confirmação dos dois casos em São Paulo nos deixa em alerta para o risco da circulação local do vírus”, afirma a médica infectologista pediátrica Sylvia Freire, do Sabin Diagnóstico e Saúde, ressaltando que a vacinação é o melhor caminho para prevenir o sarampo. O Ministério da Saúde indica a vacina Tríplice Viral, que protege os imunizados também contra a caxumba e a rubéola, para crianças, a partir 12 meses. Adolescentes e adultos não vacinados ou com esquema incompleto devem iniciar ou completar o esquema vacinal.
Para aqueles até 29 anos, a recomendação do Programa Nacional de Imunizações é de duas doses com no mínimo um mês de intervalo. A partir dos 30 anos até 59 anos completos, quem ainda não tomou a vacina recebe dose única. Trabalhadores de saúde não imunizados previamente devem receber duas doses, independentemente da idade, com intervalo de 30 dias.
Em situações de surto, as recomendações rotineiras podem ser alteradas, sendo possível a administração de uma dose da vacina tríplice viral nas crianças entre 6 e 12 meses de idade, entre outras medidas. O vírus do sarampo, Morbillivirus, pode ser transmitido por via respiratória, ao espirrar, tossir, falar e até mesmo respirar. “A transmissão pode ocorrer antes que o paciente apresente sintomas típicos como as manchas no corpo”, alerta Sylvia. “Como circula em outros países e pode voltar a circular no Brasil, é importante os adultos verificarem se foram imunizados na infância. O sarampo, como sabemos, é uma doença potencialmente grave. Os pacientes em dúvida, devem procurar uma unidade de vacinas”, orienta a médica.
Antes da introdução da vacina, em 1963, o mundo vivia epidemias em intervalos de dois a três anos que culminaram na morte de 2,6 milhões de pessoas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se de uma das doenças mais contagiosas do mundo, com taxa de mortalidade de 5% a 10% em crianças de países subdesenvolvidos. Nos casos mais graves, pacientes podem desenvolver complicações como encefalite e infeções bacterianas secundárias, como pneumonia e otite média aguda. Grávidas que contraem o sarampo podem sofrer parto prematuro ou gerar um bebê de baixo peso. Crianças de até 5 anos e imunossuprimidos são os grupos de maior risco de agravamento.
Atenção redobrada para quem viajou
O viajante que retorna ao Brasil deve manter a atenção ao aparecimento de sintomas em até 21 dias, destaca a infectologista pediátrica do Sabin, reforçando a orientação do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). Caso apresente febre e manchas vermelhas na pele, evite o contato com outras pessoas até ser avaliado por um profissional da saúde.
Nos últimos anos, o sarampo protagonizou novos surtos que acometeram pessoas em diversas partes do mundo. Segundo a OMS, foram registrados mais de 300 mil casos de sarampo no mundo ao longo de 2023. Estimativas revelam que a cobertura vacinal atende 83% da população mundial, o que é considerado insuficiente, uma vez que a cobertura indicada é de 95%.
Sintomas do sarampo
Os primeiros sintomas da doença se assemelham aos de um resfriado comum ou da gripe, como tosse seca, coriza, mal-estar intenso. Conjuntivite e febre maior que 38,5oC costumam ocorrer na fase inicial. O indício mais emblemático, conforme explica a infectologista pediátrica, é quando as pessoas apresentam manchas na pele, sem secreção, que aparecem entre 3 e 5 dias após o início dos sintomas menos específicos. Inicialmente, as lesões surgem no rosto e atrás das orelhas e se espalham, em seguida, pelo restante do corpo.
“A persistência da febre, após o aparecimento das manchas na pele pode apontar para possível gravidade da doença, principalmente em crianças menores de cinco anos”, informa Sylvia, que acrescenta: “Há quem apresente outros sintomas, como os gastrointestinais (vômito e diarreia), neurológicos, que podem sinalizar uma encefalite (inflamação cerebral), além de sintomas pulmonares, em consequência de pneumonia viral ou bacteriana, resultado de infecção secundária”.
Vacinas disponíveis
Além da vacina tríplice viral, o Brasil disponibiliza rotineiramente outro imunizante que previne o sarampo: a tetraviral, responsável por prevenir os vírus do sarampo, da caxumba, rubéola e varicela (catapora).