Mais da metade da população mundial tem problemas bucais e não sabe o impacto disso
O tratamento de doenças bucais custa mais de US$ 442 bilhões por ano à economia global, mas a prevenção pode evitar impactos graves
Mais da metade da população mundial sofre com algum problema bucal, mas poucos sabem que a saúde da boca vai muito além do sorriso. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3,5 bilhões de pessoas convivem com agravos bucais, tornando essa uma das áreas mais negligenciadas da saúde global. No Brasil, os números também preocupam: a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil) revelou que 41,2% das crianças de 5 anos já têm cáries não tratadas, e entre os adolescentes esse percentual chega a 43,9%.
Comemorado em 20 de março, o Dia Mundial da Saúde Bucal é uma oportunidade para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do cuidado odontológico. Além de evitar problemas como cáries e doenças gengivais, a saúde bucal impacta diretamente outros órgãos do corpo, podendo influenciar o risco de doenças cardiovasculares, respiratórias e metabólicas.
O que sua boca diz sobre sua saúde?
As doenças periodontais, por exemplo, são resultado de um processo inflamatório causado pelo acúmulo de biofilme (placa bacteriana). “Esse desequilíbrio não fica restrito à boca. Ele pode atingir a corrente sanguínea e aumentar o risco de complicações cardiovasculares, afetar o controle glicêmico em diabéticos e até agravar doenças pulmonares”, explica a especialista em periodontia Dra. Claudia Elizalde, professora da Universidade Autônoma de Nuevo León (UANL).
A relação entre saúde bucal e bem-estar geral reforça a necessidade de consultas regulares ao dentista e de uma higiene oral adequada, que inclui escovação, uso do fio dental e visitas frequentes para a remoção da placa bacteriana acumulada.
Prevenção e tecnologia: o papel da profilaxia moderna
A profilaxia dental é um dos principais procedimentos para manter a saúde bucal em dia. “A periodicidade das visitas ao dentista varia conforme a necessidade de cada paciente, mas a recomendação geral é que sejam feitas pelo menos uma vez ao ano. Em casos mais específicos, como idosos ou pessoas com dificuldades na higiene bucal, o ideal é uma frequência maior”, comenta o cirurgião-dentista e especialista em periodontia Heitor Serapicos.
Além da escovação e do uso do fio dental, técnicas avançadas de limpeza profissional estão ganhando espaço, como o Protocolo GBT (Guided Biofilm Therapy), que permite a remoção mais eficiente do biofilme sem causar desgaste excessivo nos dentes e gengivas. “Esse método é uma inovação na odontologia preventiva, pois torna o processo mais preciso, confortável e menos invasivo, incentivando o paciente a manter uma rotina regular de cuidados”, acrescenta Serapicos.
Cuidados diários que fazem a diferença
Além das visitas ao dentista, segundo os especialistas, algumas práticas simples podem melhorar a saúde bucal:
- Evite escovar os dentes logo após consumir alimentos ácidos – aguarde pelo menos 30 minutos para evitar o desgaste do esmalte dental.
- Mastigue chicletes sem açúcar – a salivação ajuda a neutralizar ácidos e proteger os dentes.
- Prefira consumir doces durante as refeições principais – o aumento da produção de saliva ajuda a reduzir os impactos negativos do açúcar.
- Dê preferência a adoçantes naturais – opções como xilitol podem reduzir o risco de cáries.
O papel da conscientização no Dia Mundial da Saúde Bucal
A data tem como propósito educar e incentivar a adoção de bons hábitos bucais, que impactam diretamente a qualidade de vida. Investir na prevenção significa não apenas preservar o sorriso, mas também cuidar da saúde como um todo.