Café com Libras movimenta comunidade surda de Barueri
A noite de sexta-feira, dia 25, começou muito antes das 19 horas, horário em que estava marcada a 5ª edição do Café com Libras no auditório da SDPD (Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência). Muita gente se pôs a praticar a Língua, principalmente os alunos e ex-alunos das oficinas gratuitas oferecidas pela Secretaria.
Márcia Bueno, a oradora, abriu o evento dando a palavra ao secretário Carlos Roberto da Silva, o professor Carlinhos. Ele saudou toda a plateia, anunciou a presença do vereador jandirense Gilson de Souza, mencionou o Feirão da Empregabilidade, que ocorrerá em maio próximo, e conclamou toda a população a participar da Caminhada Azul que seria realizada no dia seguinte (veja matéria neste Portal).
“O objetivo do Café com Libras é aproximar a comunidade surda de Barueri. Antes, só nos procuravam por causa do Departamento de Empregabilidade; hoje participam de várias atividades. Barueri está cada vez mais acessível para todos e os shows têm intérpretes de Libras. Isso faz com que a comunidade surda se aproxime. Esse evento virou um programa dos amigos e familiares da comunidade surda. Os alunos das oficinas de Libras também vêm para se aprimorar”, comemora o secretário.
A seguir, foi anunciado o palestrante da noite: Fábio de Sá, consagrado militante e professor surdo. Ele, que é formado em Letras Libras, também é ator e já viajou para vários países divulgando a cultura surda brasileira. Ele, que já teve a oportunidade de se apresentar para uma plateia de 5.000 surdos em Paris, tratou de vários temas e elencou os avanços que os surdos têm alcançado ao longo dos tempos.

Numa exposição extremamente descontraída e interativa, ele citou o filme “Jesus Deaf Missions” (“Jesus, Um Filme Sobre Missões Surdas”), totalmente criado por profissionais surdos, lançado recentemente em Linguagem Americana de Sinais e que marca o avanço da inclusão na propagação do Evangelho.
Um detalhe chamou a atenção dos espectadores inexperientes: como o palestrante se comunica através de Libras, as intérpretes Júlia Martins e Clarice Araújo se valeram do microfone para transmitir as informações. Ao final, foi aberto espaço para perguntas ao convidado.
Libras a oito mãos
Na primeira fila do auditório, a atenção ficou por conta do usuário Carlos Alberto Santana Júnior, o Carlinhos, que é surdocego e teve três intérpretes de Libras Tátil (Thais Izidio Pedro, Helder Correa e Douglas Generoso dos Santos) se revezando para que ele não perdesse nada da palestra.
A Libras Tátil consiste na transmissão dos sinais através do toque de ambas as mãos. O intérprete Douglas (surdo) tinha uma função aparentemente mais difícil: ia copiando os sinais e transmitindo simultaneamente para Carlinhos, que também é palestrante. Carlinhos é o primeiro teólogo surdocego do Brasil (formado pela Universidade Metodista).
O encerramento do evento se deu com a degustação de salgados, doces e bebidas trazidos pelos próprios participantes. Este ano, deverão ocorrer ainda duas edições do Café com Libras.
Sobre a Libras
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua visual-espacial utilizada por representantes da comunidade surda e reconhecida como meio de comunicação e expressão desde 2002. É fundamental na integração social, na educação e na qualificação das pessoas com deficiência. A SDPD realiza várias oficinas gratuitas de Libras ao longo do ano com o objetivo de diminuir as diferenças.
Participantes
· Gláucia Jordão, 39 anos, farmacêutica, moradora da Vila São João, que estava com a pequena Sophia, de 4 anos: “Minha filha tem Perda Auditiva Transitória. Estou frequentando Libras aqui na SDPD para poder lidar melhor com essa questão”, afirmou.
· Geisi Jardim, 38 anos, fisioterapeuta, moradora do Jardim Belval: “Sou proprietária de um instituto de Pilates. Estou cursando Libras aqui na SDPD. Acredito que todo profissional de saúde deveria trabalhar em prol da inclusão”, declarou.
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· Elaine Xavier, 47 anos, moradora de Jandira, professora de inclusão da EMEF Fioravante Barletta, no Jardim Silveira: “A Libras faz parte da minha vida desde 2007. Além disso, tenho um marido e um filho surdos. O Café com Libras é uma oportunidade de confraternização”, confidenciou.