CIOESTE apresenta estudo inédito sobre adaptação climática com soluções aplicáveis para inundações, secas e gestão de riscos
Com apoio internacional, levantamento técnico orienta políticas públicas para municípios da região Oeste da Grande São Paulo e pode ser replicado em outras cidades do Estado e do País. Conteúdo completo está disponível no site do consórcio.
Com dados inéditos, base científica internacional e foco em soluções aplicáveis, o Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo (CIOESTE) lançou oficialmente, no dia 29 de abril, o estudo “Estratégias para Adaptação Climática”, desenvolvido em parceria com o programa Euroclima+, da União Europeia. O evento ocorreu na sede do consórcio e reuniu especialistas, técnicos municipais e representantes de secretarias do meio ambiente, obras e defesa civil das cidades da região.
O estudo foi conduzido pelas consultorias internacionais Mayane (França) e DHI – Instituto Hidrológico da Dinamarca, com financiamento da Agência Francesa de Desenvolvimento, e é fruto de uma cooperação iniciada em 2021. A iniciativa teve coordenação da Câmara Técnica de Meio Ambiente do consórcio e concentrou suas análises em três áreas-piloto: Jardim Mutinga (entre Osasco e Barueri), Km 21 (entre Osasco e Carapicuíba) e bairro do Guaçu (em São Roque). A cidade de Córdoba, na Argentina, também foi contemplada pelo Programa Euroclima+.
Durante a abertura, o secretário-geral do CIOESTE, Jorge Lapas, destacou a importância do trabalho articulado do consórcio. “Temos uma boa equipe técnica, os grupos de trabalho e as câmaras técnicas, que podem construir políticas em conjunto para as cidades, muitas vezes aproximando a região de recursos estaduais e federais. E, nesse caso do Euroclima, o CIOESTE possibilitou a vinda de recursos internacionais”, afirmou.
O estudo traz um conjunto de ferramentas para os municípios enfrentarem as chamadas urgências climáticas, como inundações e secas, incluindo soluções de engenharia e infraestrutura verde. Entre os produtos entregues estão:
• Plano de gerenciamento de risco por inundações, com propostas urbanísticas e hidráulicas;
• Diagnóstico de vulnerabilidade de edifícios públicos;
• Manual técnico para atuação da Defesa Civil;
• Análises de risco de seca e estratégias de resiliência hídrica;
• Guia prático de gestão de água e protocolo de comunicação em caso de colapso hídrico.
Em sua fala, a coordenadora técnica do estudo, Giovana Idalgo, lembrou que o aquecimento global já ultrapassou a marca de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais — número acima da meta da COP21. “As mudanças climáticas não são um problema do futuro, nem sequer do presente – são uma emergência que já vivemos hoje”, disse. Ela também reforçou que o material serve como base para captação de recursos internacionais.
Representando Osasco, a chefe de gabinete Beatriz Sanches destacou que o estudo é replicável. “Hoje já temos as metodologias, acesso aos softwares utilizados, domínio da técnica e o termo de referência. Podemos replicar esse estudo em outros territórios. O material está pronto para ser usado pelos gestores.” Ela também afirmou que há interesse em promover capacitações para técnicos municipais, organizadas por meio da Câmara Técnica de Meio Ambiente do CIOESTE, a fim de fortalecer a implementação dessas estratégias nas cidades.
O geólogo Felipe Rocha, gerente de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente de Osasco, destacou que o evento também teve papel essencial de aproximar os municípios de debates que já ocorrem em outras esferas, como estadual, federal e internacional, especialmente no que diz respeito à gestão das águas urbanas e às mudanças climáticas. “Temos no Brasil uma política muito avançada de recursos hídricos, com comitês de bacia que integram a sociedade civil, o Estado e os municípios. Mas é algo que os municípios ainda precisam se apropriar mais”, afirmou.
Ele ressaltou que o estudo oferece, além das propostas preventivas, orientações claras sobre o que fazer após uma emergência climática, com definição de papéis e articulação entre os órgãos responsáveis — entre eles, a Defesa Civil. Para Felipe, a força do estudo está em transformar conhecimento técnico em ação coordenada e aplicável à realidade local.
Já o urbanista Efraim Silva, chefe da Divisão de Urbanismo de São Roque e coordenador do Comitê Técnico de Obras e Habitação do CIOESTE, mostrou que os conceitos desenvolvidos no estudo já estão sendo aplicados em sua cidade, em projetos urbanos do Programa Bairro Paulista, com apoio do Governo do Estado de São Paulo, beneficiando uma área que não pertence às regiões diretamente contempladas pelo estudo. Isso demonstra, segundo ele, que as soluções propostas são amplas, adaptáveis e replicáveis em outros territórios, não apenas nos municípios do CIOESTE, mas também em outras cidades do Estado de São Paulo e de todo o país.
A agente da Defesa Civil de Carapicuíba, Patrícia Nunes, relatou que é a primeira vez que o município tem acesso a esse volume de informações para fortalecer a atuação preventiva. Ela reforçou que planejamento, ordenamento territorial e investimento em infraestrutura são os pilares da prevenção.
Por fim, Gleyce Fernandes, da Secretaria de Meio Ambiente de Araçariguama, abordou os impactos da seca, ressaltando que cidades que fazem captação de água dentro do próprio território, como São Roque e Araçariguama, precisam redobrar a atenção. “Quanto pior a qualidade da água, mais caro e difícil será o processo de tratamento. Precisamos proteger as nascentes e planejar com antecedência”, afirmou.
Acesso ao conteúdo
Todo o material técnico desenvolvido está disponível para acesso gratuito no site oficial do CIOESTE, com conteúdos voltados a gestores públicos, técnicos, universidades, organizações da sociedade civil e população em geral. Estão disponíveis os resultados completos do estudo, materiais gráficos, manuais, diagnósticos e mais informações.
Acesse o conteúdo completo do estudo aqui