Mais de 5 milhões de brasileiros podem ter título de eleitor cancelado e enfrentar consequências em concursos, universidades e acesso ao crédito
Regularização eleitoral se torna prioridade para quem não quer perder oportunidades acadêmicas, profissionais e financeiras
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou na última terça-feira (20) que deve cancelar mais de 5 milhões de títulos eleitorais de pessoas que faltaram às três últimas eleições sem apresentar justificativa ou pagar as multas necessárias.
O prazo para regularizar a situação do título terminou na segunda-feira (19). Esses eleitores, contudo, ainda têm uma última chance de regularizar sua inscrição eleitoral. Para isso, é necessário comparecer a um cartório eleitoral ou acessar o autoatendimento na internet e fazer um requerimento.
Entre os principais impactos está a impossibilidade de participar de concursos públicos, já que a maioria dos editais exige a comprovação de quitação eleitoral como critério eliminatório na fase de inscrição ou posse. O problema atinge especialmente jovens concurseiros e profissionais que buscam estabilidade em carreiras públicas nas esferas municipal, estadual e federal.
Além disso, universidades públicas e privadas também exigem a situação eleitoral regularizada como pré-requisito para matrícula. “ Alunos podem ser impedidos de seguir com seus estudos por não estarem com o título em dia. É um transtorno que poderia ser evitado com informação e organização, além de ser um dever cívico, afirma o professor, avaliador do INEP e sócio da Somos Young Rodrigo Bouyer.
O título cancelado também pode travar o acesso a linhas de financiamento e crédito, especialmente nos bancos públicos. Programas como o FIES, o Minha Casa Minha Vida e linhas de incentivo ao microempreendedorismo exigem que o cidadão esteja em dia com a Justiça Eleitoral. Instituições financeiras também podem solicitar o comprovante de regularidade para liberar financiamentos habitacionais, estudantis ou de veículos.
A situação ganha contornos ainda mais preocupantes considerando o perfil regional dos afetados. De acordo com o TSE, a maior parte dos eleitores com títulos passíveis de cancelamento está concentrada na Região Sudeste (45,49%), seguida pelo Nordeste (19,69%) e Sul (16,21%).
Educadores financeiros alertam que a perda de acesso ao crédito pode levar muitos brasileiros a recorrerem a alternativas mais caras e menos seguras, como empréstimos informais ou crédito rotativo. A inadimplência com a Justiça Eleitoral pode sair mais cara do que se imagina, pois interfere diretamente na capacidade do cidadão de financiar sua vida com dignidade.
O momento é de alerta, sobretudo para estudantes, concurseiros e trabalhadores que dependem de financiamentos para estudar, morar ou empreender. A regularização do título eleitoral é mais do que um dever cívico: é uma chave de acesso a direitos fundamentais da vida em sociedade.