
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Imagine carregar, sobre a pele, uma espécie de incômodo constante. Coceira, vermelhidão, descamação – sinais visíveis de algo que é muito mais profundo do que aparenta. Assim é viver com Dermatite Atópica (DA), uma condição inflamatória crônica da pele que atinge milhões de brasileiros e carrega impactos físicos, emocionais e sociais ainda pouco discutidos.
O que é a Dermatite Atópica?
A Dermatite Atópica é uma doença de base genética, não contagiosa, caracterizada por pele seca, inflamação e prurido (coceira intensa). Pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum em crianças. Estima-se que 10% a 20% da população infantil no Brasil tenha DA, e em muitos casos ela persiste até a vida adulta.
Muito além da coceira
Para quem nunca conviveu com a DA, pode parecer “só” uma irritação passageira. Mas para quem tem, a realidade é diferente: noites mal dormidas, baixa autoestima, vergonha de mostrar a pele em público e até isolamento social. A coceira constante compromete o sono e afeta diretamente o rendimento escolar ou profissional. Não raro, surgem quadros de ansiedade e depressão.
Causas e gatilhos
A DA é multifatorial. Entre as causas estão a predisposição genética e um sistema imunológico mais reativo. Mas os gatilhos ambientais são decisivos: mudanças climáticas, tecidos sintéticos, poeira, ácaros, suor, estresse e até alguns alimentos podem provocar crises.
O que dizem os dados
- A Sociedade Brasileira de Dermatologia aponta que cerca de 5 milhões de brasileiros convivem com a forma moderada a grave da doença.
- Estudos indicam que mais de 50% dos pacientes relatam impacto direto na qualidade de vida.
- Em crianças, a DA está entre as principais causas de visita ao dermatologista.
- Apenas 30% dos pacientes com sintomas moderados a graves fazem tratamento adequado.
Tratamento e autocuidado
Embora não tenha cura, a dermatite atópica pode ser controlada. O tratamento inclui hidratação rigorosa da pele, uso de medicamentos tópicos ou sistêmicos (como corticosteroides ou imunomoduladores), além da identificação e controle de gatilhos. Avanços recentes incluem novas terapias biológicas, especialmente para casos graves.
Além dos remédios, o cuidado emocional também é parte do tratamento. Muitas vezes, conversar com um psicólogo ou participar de grupos de apoio pode fazer diferença.
Procure um especialista
Se você ou alguém da sua família apresenta sintomas persistentes na pele, como coceira intensa, vermelhidão ou lesões que não cicatrizam, procure um médico dermatologista, que é o profissional capacitado para diagnosticar e tratar a Dermatite Atópica. Diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais para qualidade de vida.
Dra. Simone Neri
Médica CRM 80.919 – Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Coluna Sob a Pele – Jornal A Rua
