Alopecia Frontal Fibrosante: Quando o cabelo conta uma história silenciosa

A perda de cabelo, para muitas pessoas, é apenas uma questão estética. Mas, para quem vive com Alopecia Frontal Fibrosante (AFF), ela carrega um peso muito maior: é um lembrete diário de que algo está acontecendo silenciosamente no corpo.
A AFF é uma condição descrita pela primeira vez em 1994 e, desde então, vem aumentando em frequência. Ela se manifesta como uma perda progressiva de cabelos na linha frontal da testa, podendo avançar para as laterais e até comprometer sobrancelhas, cílios e outros pelos do corpo. Trata-se de uma alopecia cicatricial — ou seja, o folículo é destruído e substituído por tecido cicatricial, o que torna a perda definitiva.
Ainda não sabemos exatamente por que ela acontece. A ciência aponta para uma combinação de fatores: genéticos, hormonais (principalmente em mulheres após a menopausa), autoimunes e possivelmente ambientais. Já foram levantadas hipóteses sobre a influência de cosméticos, protetores solares, procedimentos capilares e até hábitos de vida — mas nada é conclusivo.
Entre os sintomas, além da queda, estão a pele mais lisa e pálida no local, sensibilidade, vermelhidão e, por vezes, pequenas elevações na pele da face. O impacto emocional também é significativo: a mudança na moldura do rosto altera a autoestima e a forma como a pessoa se vê no espelho.

Como médica tricologista, venho estudando a Alopecia Frontal Fibrosante há anos. Esse interesse resultou na publicação do artigo “Administração de Toxina Botulínica A via Técnica MMP: Uma Abordagem Terapêutica Emergente para Alopecia Fibrosante Frontal”, no Brazilian Journal, uma revista científica de alta relevância na área da Dermatologia. Nesse trabalho, relatei o caso de uma paciente tratada com uma técnica inovadora: o MMP® (Microinfusão de Medicamentos na Pele) com toxina botulínica tipo A. Foram três sessões mensais, aplicando 30 unidades da substância na área afetada. O resultado? Uma melhora significativa, com inibição do processo inflamatório e aumento da densidade folicular — um avanço animador, especialmente para uma doença ainda sem cura.
O tratamento da AFF busca frear a evolução e reduzir a inflamação. Podem ser usados medicamentos tópicos, comprimidos, imunomoduladores e, em alguns casos, transplante capilar (apenas quando a doença está controlada). O diagnóstico precoce é crucial — quanto antes tratarmos, maiores as chances de preservar o cabelo remanescente.
Se você notou uma retração da linha frontal do cabelo ou queda das sobrancelhas, não espere: procure um dermatologista. No caso da Alopecia Frontal Fibrosante, o tempo é um aliado que não podemos desperdiçar.
