Enfrentamento à pandemia exige suporte emocional às equipes de saúde
Desde o primeiro suspeito com o novo coronavírus eles estavam lá. A procura foi aumentando, as confirmações foram chegando, e eles continuaram lá. O pico de contaminações, dizem autoridades em saúde, ainda nem começou no Brasil, mas eles continuam e continuarão lá.
Os profissionais de saúde estão na linha de frente nessa luta contra a Covid-19, cumprindo o juramento que fizeram de salvar vidas, mesmo que a sua também esteja em risco. Não é fácil e, além das medidas de segurança para que realizem sua tarefa, é necessário também um suporte emocional, já que estão diante das mesmas dúvidas e incertezas que pairam sobre toda a população.
É por isso que a equipe de Saúde Mental de Barueri, ligada à Coordenadoria de Atenção Básica à Saúde (Cabs), vem dando suporte a esses profissionais, conforme explica a diretora do setor, Ana Paula Briguet.
“Desde o início a equipe multiprofissional das UBSs ofertou apoio para o enfrentamento da pandemia. Para além desse apoio, a equipe de saúde mental tem recebido a demanda dos próprios profissionais da Saúde que frente ao surto precisam de suporte emocional. Nesse sentido, algumas UBSs têm ofertado escuta qualificada individual, encontros entre os trabalhadores e também algumas práticas integrativas, tais como exercícios de meditação e respiração para os profissionais”, detalha Ana.
Psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais da rede têm dedicado parte de seu tempo a esse acolhimento tão importante, já que quem cuida também precisa ser cuidado.
“A pandemia de Covid-19 instaura uma ‘crise’ que abala toda a nossa estrutura, isso tanto do ponto de vista da organização dos serviços como também de toda a nossa comunidade, da organização e/ou reorganização do território. Isso inclui o modo como nos relacionamos na família, no trabalho e o modo como afetamos e somos afetados. É no meio dessa turbulência que nós nos perguntamos: como produzir saúde? Como continuar o cuidado? Estar em ‘crise’ nos convoca a estarmos juntos, disponíveis e buscarmos alternativas possíveis e criativas para o cuidado de tal modo que, no curso do tempo, possamos adequadamente superá-la”, expressa a diretora.
Nas UBSs, os profissionais de Saúde Mental também têm ajudado a orientar a população e a direcionar o fluxo.
Mais amparo
Não só os trabalhadores da saúde, mas muitas pessoas, principalmente as que estão cumprindo o isolamento domiciliar, têm se deparado com questões emocionais que tornam o período ainda mais penoso. Esse público também tem sido priorizado pela equipe de Saúde Mental do município.
Recentemente esses profissionais iniciaram monitoramento via telefone junto às pessoas com indicação de isolamento doméstico ou social. O atendimento é feito em três etapas, cobrindo todo o período. “Essa estratégia é para garantirmos a vinculação ao serviço de saúde e dar o suporte necessário para a efetivação do período de isolamento. Além, é claro, de dar suporte emocional e de diminuir os impactos desse período”, explica Ana.
Nos três Centros de Atenção Psicossocial (Caps Álcool e Drogas, Adulto e Infantojuvenil) estão mantidas as ações de acolhimento, como os atendimentos individuais e médicos. O técnico de referência do paciente também tem mantido contato por telefone para garantir a continuidade do cuidado. Além disso, no enfrentamento à Covid-19, as equipes têm produzido materiais informativos sobre redução de danos e consumo de álcool e outras drogas durante esse período de pandemia, as crises de ansiedade e como manejar a angústia das crianças, com indicação de atividades e orientações para as que têm Transtorno do Espectro Autista (TEA).