Conselho Regional de Farmácia alerta sobre impactos na área farmacêutica devido à pandemia do novo coronavírus
O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) alerta sobre o uso racional de medicamentos e outros cuidados relacionados ao setor farmacêutico em meio à pandemia do novo coronavírus.
Desde o início de fevereiro, o CRF-SP lançou a campanha “Farmacêuticos contra o novo cornavírus” e disponibilizou capacitação para os profissionais visando auxiliar no enfrentamento da Covid-19, já que a farmácia, é uma das portas de entrada de pacientes com sintomas da doença.
Além disso, tem realizado campanhas voltadas à população para alertar sobre os riscos da automedicação, receitas caseiras de álcool gel e fake news e, informar as mudanças ocorridas no setor farmacêutico.
Uso racional de medicamentos
A automedicação pode causar problemas em qualquer momento. Até medicamentos isentos de prescrição médica como analgésicos e antitérmicos, por exemplo, podem ter reações com uso de outros produtos ou medicamentos, causar toxicidade e mascarar doenças mais graves.
Em um momento de crise na saúde, como o da pandemia do novo coronovírus, é preciso redobrar os cuidados, como, não utilizar sem prescrição médica os medicamentos descritos em pesquisa como promissores para melhoria de casos, mas sem as comprovações finalizadas e sem análise dos efeitos adversos. É o caso da cloroquina e da hidroxicloroquina que podem causar visão embaçada, náuseas, vômito, diarreia, taquicardia, queda de pressão sanguínea, convulsões e até mudanças no estado mental, entre outros problemas. O alto consumo também prejudica os pacientes que realmente necessitam do medicamento e não conseguem comprá-lo para dar continuidade aos seus tratamentos.
Para evitar o uso indiscriminado desses medicamentos a Anvisa os enquadrou como medicamentos de controle especial (que só podem ser dispensados com a retenção da receita médica). Porém, visto que outras pesquisas estão sendo divulgadas, como por exemplo, a do antiparisitário Ivermectina e Nitazoxanida, é importante alertar que nenhum medicamento que esteja com a pesquisa para tratamento da covid-19 em andamento, deve ser utilizado sem prescrição médica.
Farmácia Popular
Temporariamente, foram ampliados prazos de validade das receitas e quantidades de medicamentos que podem ser dispensados no Programa Farmácia Popular, afim de evitar aglomerações nas farmácias e garantir a continuidade do tratamento dos pacientes.
O Ministério da Saúde permitiu que os medicamentos de uso contínuo e fraldas sejam dispensados para um período de utilização de até 90 dias. Além disso, as receitas passaram a ter validade de 365 dias.
No entanto, recomenda-se que para promover o uso racional de medicamentos, antes de efetuar a dispensação, o farmacêutico deverá avaliar os benefícios da continuidade do uso do medicamento, e se necessário o paciente deverá ser encaminhado ao médico, ainda que a receita esteja com prazo de validade vigente.
Medicamentos controlados
Para evitar movimentações às farmácias, temporariamente a Anvisa autorizou a entrega de medicamentos controlados no domicílio do paciente, tanto para o serviço público, quanto o serviço privado, observando alguns critérios, como por exemplo, a retirada prévia da Notificação de Receita ou da Receita de Controle Especial no local onde se encontra o paciente e, somente após a conferência do farmacêutico da regularidade da prescrição, proceder à entrega do medicamento. É também necessário garantir aos usuários meios para comunicação direta e imediata com o Farmacêutico Responsável Técnico, ou seu substituto, presente no estabelecimento. Ressalta-se que se mantem a vedação de compra e a venda dos medicamentos sujeitos ao controle especial através da internet. (link: Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 357/2020).
Também há a possibilidade de o médico ampliar o período de tratamento prescrito, conforme Anexo I da referida norma, por exemplo. E se a prescrição foi emitida até 23/03/2020, mas ainda estiver dentro do prazo de validade, o farmacêutico poderá dispensar quantidade superior a prescrita para, no máximo, mais 30 dias de tratamento, porém sempre com observância do uso racional de medicamentos.
Álcool gel
O uso de álcool gel 70% é muito importante neste momento, mas deve-se adotar cuidados para evitar acidentes caseiros, que podem acarretar em queimaduras, incêndios e intoxicação. Além disso devem ser redobrados os cuidados para evitar o acesso de crianças ao produto, sem acompanhamento de um adulto.
Receitas caseiras também não são indicadas, pois, além de todos os riscos já descritos, podem acarretar em irritação da pele e na não eficácia para eliminação do vírus, o que gera um risco bem elevado, pela falsa sensação de proteção.
Fake News
Assim como algumas doenças e epidemias se disseminam rapidamente em todo o mundo, as chamadas fake news são compartilhadas na mesma velocidade. Não é difícil achar alguém que já tenha recebido via WhatsApp ou lido em alguma rede social sobre fórmulas milagrosas e tidas como “naturais” para prevenir ou até combater certos males.
Ainda que, essas notícias não possuam fontes seguras, muitas pessoas acreditam e, pior, repassam com a certeza de que essa dica será útil a muita gente. Não são poucas as informações que atualmente circulam sobre o Novo Coronavírus, no entanto é preciso ter cautela ao seguir as orientações ou até mesmo para passá-las adiante. Receitas que envolvem óleo de orégano, fígado de boi, chá de erva doce não param de aparecer. Geralmente as notícias são acompanhadas de mensagens como “Vamos repassar”, “A mídia está escondendo”, “Todos precisam saber”.
Na dúvida, pesquise em sites oficiais, como do Ministério da Saúde (MS) e Organização Mundial da Saúde (OMS). O farmacêutico também pode ser consultado, pois como profissional de saúde ele está apto a esclarecer sobre os riscos da utilização de qualquer substância sem orientação.
O CRF-SP também criou uma área específica no portal (http://www.crfsp.org.br/sobre-o-crf-sp/covid-19.html) com informação confiáveis sobre a Covid-19, inclusive com um setor com notícias e alertas voltados para a população em geral. E tem feito constantes campanhas nas redes sociais.
Sobre o CRF-SP
Entidade responsável pela habilitação legal do farmacêutico para o exercício de suas atividades, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) é a maior entidade fiscalizadora de estabelecimentos farmacêuticos do país, com mais de 80 mil fiscalizações anuais em farmácias, drogarias, hospitais, indústrias, laboratórios, transportadoras e mais de 65 mil profissionais inscritos no Estado. Mais informações www.crfsp.org.br