Opinião: Demanda cresce e o número de motoboys mortos em acidentes aumenta 50% em São Paulo
Por Ataíde Teruel (*)
Matérias publicadas na imprensa informam que, somente na cidade de São Paulo, em março e abril, o número de mortes de motoboys cresceu quase 50% durante o período de pandemia, quando comparado com o mesmo período do ano passado.
O SindimotosSP, informa que o motivo do aumento de mortes de motoboys deveu-se à oscilação dos preços de fretes, principalmente pagos por aplicativos de entregas, aliados à mão de obra inexperiente, que aumentou a concorrência por causa da crise provocada pela pandemia da Covid-19.
O assunto está ficando tão grave, que os motoboys estão programando para o próximo dia 1º de julho, uma paralisação nacional por melhores condições de trabalho em meio à Pandemia da Covid-19, seguro de vida e remuneração para compra de equipamentos de proteção, dentre outras reivindicações.
Desde o início de meu mandato, abracei a causa dos motoboys. Juntamente com minha equipe, analisamos e as condições de saúde e assistência social oferecidas pelas empresas que contratam motoboys. Concluímos que esse valoroso exército de entregadores continua sendo uma classe desassistida quando precisam recorrer à assistência social e saúde. O Estado de São Paulo conta com mais de 400 mil profissionais de entregas em moto e, muitas vezes, quando sofrem um acidente durante as entregas, tanto eles quanto suas famílias ficam desamparados.
Elaborei dois Projetos de Lei em prol dos motoboys:
- O PL 628/2019, Programa de Assistência Social e Psicossocial aos motoboys envolvidos em acidentes de trânsito com suas motos. Esse Projeto foi aprovado pela maioria dos Deputados na Assembleia Legislativa, mas, infelizmente, foi vetado pelo Governador João Doria.
- E o PL 634/2019 que obriga a contratação de seguro de vida e de seguro de assistência à saúde para os motoboys, que se encontra pronto para apreciação e votação na Comissão de Constituição e Justiça, mas está parado, na fila, aguardando espaço para ser analisado e votado.
Enquanto isso, os motoboys, verdadeiros heróis que estão na frente de batalha, transportando de tudo a qualquer hora, debaixo de sol ou de chuva, para que possamos ficar em casa e a quem devemos agradecer todos os esforços, continuam sem nenhum amparo legal.
São, em sua grande maioria jovens, colocados para trabalhar sem treinamento, sem vínculo empregatício, que têm que adquirir desde a moto até seus equipamentos, seja a mala de transporte quanto os de proteção contra o coronavírus.
Os motoboys disputam entre si corridas contra o relógio, muitas vezes de valores irrisórios, pois apesar do expressivo aumento da demanda pelos serviços de delivery, a parte do leão fica com as empresas.
Mas nossa luta em prol dos motoboys continua. Já estamos analisando todas as medidas que obriguem as empresas que contratam esses profissionais a dar treinamento adequado antes deles iniciarem as entregas e fornecer material de trabalho e de proteção individual a todos.
Acredito que, dessa forma, vamos colaborar para a melhoria das condições de trabalhos desses profissionais, que tanto têm feito por nós e cuja recompensa tem sido o descaso e o abandono, largados à própria sorte.
(*) Deputado Estadual Ataide Teruel (PODEMOS)