Moção de Apoio provoca explicações sobre liberdade da população negra
132 anos da abolição gerou esclarecimento sobre o sentido da data para a população negra
Celebrada no dia 13 de maio, a abolição da escravatura completou 132 anos em 2020.Lembrada em uma moção de apoio durante a 10ª Sessão Ordinária na Câmara Municipal, a efeméride gerou esclarecimentos sobre o sentido da data para a população negra.
Proposta pelo vereador Julião (PSB), a moção ressoou nas manifestações de Emerson Osasco (REDE) e Juliana da Ativoz (PSOL). Assumindo seu lugar de fala, Emerson Osasco comentou sobre a falsa liberdade conquistada pelos negros com a abolição.
“A abolição foi uma falsa abolição. A liberdade é o sonho de todo mundo e foi sobre esse argumento que sofremos os maiores e mais perversos golpes de nossos direitos, sonhos e das nossas vidas. Milhares de negros e negras escravizados foram largados nas ruas, sem nenhum tipo de reparação ou indenização”, disse Emerson.
“Hoje as questões refletem em todo o mundo por causa da TV, das redes sociais. Na época, muitos continuaram sofrendo e sangrando sob correntes, mesmo com a abolição; muitos perderam suas vidas. Cinco milhões de negros e negras foram escravizados, o nosso povo escravizado ganhou apenas dor, miséria e abandono”, esclareceu Emerson Osasco.
O parlamentar aproveitou também para homenagear personagens históricas do movimento negro, pelas suas lutas e conquistas. “A abolição só aconteceu devido à luta e resistência de milhares de negros, entre eles os do Quilombo dos Palmares, através de Zumbi e Dandara e muitos outros. Milhares de irmãs e irmãs deram suas vidas para que eu em muitos outros
pudessem estar aqui sem ter corrente nos braços, sem ter corrente nos pés”, acrescentou.
Já a vereadora Juliana da Ativoz (PSOL) explicou que o movimento negro no Brasil entende que se não comemora essa data – mesmo com a abolição, o sofrimento continuou porque não houve reparação.
“Depois desse fato não houve reparação, negros foram forçados a voltar para seus senhores em troca de alimento e abrigo. Continuou o genocídio e o abandono, a população negra ainda é a que mais morre de descaso, fome, violência policial no país. Na carta da Abolição faltou indenização e reparação, por isso que estamos aqui para lutar e cobraremos essa dívida até que nenhuma mãe chore pelo corpo de seu filho preto morto pela polícia, até que nenhum preto sofra pela cor de sua pele”, expressou, emocionada, a parlamentar.