Debate aborda assédio moral e aumento de casos de saúde mental na pandemia
Audiência Pública aconteceu na noite desta segunda-feira (27) no Plenário Tiradentes
Convocada pelo vereador Michel Figueiredo (Patriota), uma Audiência Pública foi realizada na Câmara de Osasco para debater o tema Saúde Mental”. O evento aconteceu na noite desta segunda-feira (26), organizado pela Comissão Parlamentar de Saúde e Assistência Social, presidida pelo vereador do Patriota.
O debate foi pautado por dois assuntos. O primeiro deles é o aumento dos casos de problemas com saúde mental entre crianças e adolescentes durante a pandemia. O segundo é como prevenir e enfrentar os casos de assédio moral tanto em empresas privadas quanto no setor público.
Graziele Macedo, conselheira tutelar em Osasco, comentou sobre a crescente nos casos de saúde mental entre jovens. “A situação foi agravada pela pandemia e precisamos estar atentos, pois a adolescência é um momento de grandes transformações psíquicas e físicas. Nossa função é proteger esses jovens de situações sociais e econômicas adversas”.
A conselheira relatou dois casos de suicídios entre crianças. “Muitas vezes, os pais estão preocupados com trabalho, dinheiro e outros problemas também importantes, mas não reparam na deterioração da saúde mental das crianças”. Graziele comentou sobre o aumento de abuso verbal de crianças por parte dos pais.
Deise Oliveira, da mandata coletiva do AtiVoz, falou da importância da escuta desses relatos: “Depressão não é frescura e sem diálogo não há tratamento de saúde mental eficiente. “O número de casos de assédio moral no local de trabalho aumentou. Precisamos de canais de denúncia contra esse tipo de assédio tanto nas instituições públicas quanto em empresas privadas”.
Segundo uma pesquisa citada por Deise, 94% dos entrevistados relataram sofrer de esgotamento psicológico no trabalho, 60% passaram por algum tipo de constrangimento, 88% dos pesquisados sofreram danos na saúde física ou mental e 83% sofreram algum tipo de punição vexatória por parte da chefia.
Outro aspecto abordado na audiência foi o esgotamento dos profissionais de saúde mental. Há uma demanda crescente por esse tipo de profissional com o aumento dos casos de abuso, assédio moral, depressão e suicídio na cidade.
Marcelo Soares, do Conselho Municipal de Assistência Social, focou sua fala no assédio moral no trabalho. “O assédio moral no âmbito profissional vai antecipar 40% das aposentadorias até 2030 e 20% desses casos podem causar suicídio da pessoa assediada”, explicou ele.
Na opinião de Soares, o Brasil é um país com cultura de assédio. “No caso do setor privado, há a pressão do produtivismo e o assédio é uma forma de demitir quem é menos produtivo. Já no setor público, onde é mais difícil demitir um servidor, o objetivo do assédio é perseguir o servidor até que ele se demita ou se afaste”.
Para a especialista dra. Marlene Marchiori, muitos dos problemas de saúde mental começam no lar. “Se uma criança é atacada no lar, o lugar onde ela deveria se sentir mais segura, isso afeta a saúde dessa pessoa para sempre. É alarmante o aumento dos casos de suicídio no mundo, especialmente no Brasil”.