Padronização no atendimento das UBS é debatido na Câmara Municipal
Atender satisfatoriamente a demanda de serviços na rede pública de saúde preocupa também o Legislativo de Osasco. Em busca de soluções para melhorar a qualidade do atendimento na atenção primária, a Comissão de Saúde e Assistência Social realizou, na noite desta quinta-feira (25), uma Audiência Pública para debater a Padronização do Atendimento nas Unidades Básicas de Saúde.
Michel Figueredo (Patriota), presidente da Comissão de Saúde, abriu a Audiência Pública explicando sobre os pilares que sustentam o Sistema Único de Saúde. “Os três pilares do SUS são universidade (todo cidadão tem direito à saúde e a todos os serviços de saúde), integralidade (todas as pessoas devem ser atendidas de forma integral em todos os níveis de atenção) e equidade (todas as pessoas são iguais, todos precisam ser atendidos e precisamos investir mais onde há mais necessidades)”, explicou o parlamentar.
Para o vereador, o trabalho em conjunto do Legislativo, Executivo, funcionários da Saúde e da comunidade será fundamental para atingir a qualidade e a padronização no atendimento na rede pública de saúde. Ele também afirmou que é necessário proporcionar atendimento integral ao cidadão, não apenas na área médica, mas em relação à enfermagem e à saúde bucal.
Para ressaltar a importância da saúde bucal no atendimento preventivo feito nas UBS, a Dra. Amanda Machado, cirurgiã dentista, falou sobre como poderia ser o atendimento adequado na saúde primária e como isso pode reduzir custos e melhorar a gestão da saúde global do paciente. “A promoção de saúde adequada também é feita com a saúde bucal. Muitas doenças começam pela boca e algumas, como o diabetes, são agravados por problemas no atendimento realizado pela saúde bucal”, comentou a dentista. Ela também salientou que o atendimento nas UBS deve atuar de forma preventiva, com orientação sobre a escovação correta, evitando que os problemas se agravem.
“Faltam profissionais. O paciente que chega no Centro de Especialidades Odontológicas geralmente não recebeu tratamento adequado na UBS, onde as emergências são ignoradas. Muitas vezes, devido à falta de tratamento eficiente, a solução dada ao paciente é a extração do dente”, lamentou a profissional.
Ex- gestor de UBS, o vereador Michel Figueredo chamou atenção para a quantidade dentistas necessários em uma unidade. “As unidades que ficam abertas das 7h às 16h precisam ter dois dentistas; até às 20h precisam de três. Além dos profissionais, precisamos dar condições para que eles atuem”, afirmou o parlamentar.
Outro assunto discutido na audiência foi gravidez não planejada em pacientes com idades entre 12 e 25 anos. Médico ginecologista que atuou com gestantes de alto risco em Osasco, o Dr. Cássio Hayashi afirmou que 55% da gravidez em pessoas dessa faixa etária não são planejadas e que, nas mulheres com idades entre 12 e 19 anos, o custo da falta de planejamento são altos. “Não adianta gastar muito na saúde e não ser eficaz. É preciso padronizar e melhorar protocolos. No Colorado (EUA), a redução da gravidez não planejada, por exemplo, fruto de orientação, campanhas e atendimento adequado, chegou em 70% e a economia foi significativa”, afirmou o médico, que também apontou que, no Brasil, 30% das crianças que têm menos de 15 anos já tiveram iniciação da vida sexual e a gravidez não planejada impacta negativamente não apenas no sistema de saúde, mas também na educação. “A maioria dessas meninas que engravidam abandonam a escola e o prejuízo social é alto”.
Dr. Hayashi também falou sobre a necessidade de atendimento regular com ginecologista para solucionar questões simples que podem ser atendidas no ambulatório. “É preciso capacitar profissionais para que eles possam fazer procedimentos como colocação de DIU na própria unidade. Há dispositivos que reduzem casos como sangramento uterino anormal que prejudicam a qualidade de vida da mulher. São fáceis de serem colocados e, além de serem benéficos para diversos problemas, também evitam a gravidez não planejada”, esclareceu.
Com 26 anos de experiência na rede pública, a enfermeira Mirta Flores lembrou que o trabalho desenvolvido pelas equipes de enfermagem e agentes comunitários de saúde são fundamentais para que problemas como os citados acima pelo médico e pela dentista possam ser minimizados. “Nas UBS, através dos agentes de saúde, fazemos busca ativa de pacientes para que haja atendimento, sempre respeitando os protocolos. Enfermeiro e equipe técnica fazem o acolhimento desses pacientes, ajudam no planejamento e auxiliam no atendimento domiciliar quando necessário. Integramos equipes multidisciplinares que precisam estar completas e os médicos fecham os diagnósticos”, explicou a enfermeira.
Favorável à padronização do atendimento Adauto Tô Tô (PDT) acredita que se o objetivo for atingido a saúde pública atingirá e a excelência necessária para eliminar muitos problemas. “Precisamos padronizar para ter atendimento único. Com a padronização a tendência é melhorar o atendimento e permitir que a população possa ser atendida em qualquer unidade da mesma forma. Os munícipes precisam ter respostas, precisam ter atenção. Padronizar também é tratar a população com respeito”, comentou o vereador.
José Carlos Santa Maria (Patriota) argumentou que a atual legislatura trabalha em sintonia com o Poder Executivo e que o objetivo é tornar Osasco uma cidade com atendimento de excelência na saúde. “Buscamos parcerias com todas as secretarias. Não podemos nos preocupar com outras cidades, precisamos melhorar Osasco. Não podemos ter medo do povo, precisamos ouvir o povo. Hoje temos parcerias aqui e assim podemos evoluir”.
Segundo Michel Figueredo, outras audiências serão realizadas para abordar particularidades do funcionamento da atenção básica, incluindo excelência na capacitação de profissionais do administrativo, saúde mental, clínica geral e pediatria. “Queremos buscar tratamento preventivo na prática. Uma UBS precisa ter pessoas qualificadas no administrativo, um bom atendente, boa enfermagem, bons médicos, dentistas e limpeza. Enfrentamos problemas em todas as áreas. Precisamos ter o clínico, pediatra, ginecologista e um grupo maior na enfermagem, porque a demanda de trabalho é grande. Acrescentam atividades, mas não aumentam o número de profissionais. Por isso é importantíssimo a padronização”, afirma Michel Figueredo.
“A população também precisa ter esclarecimentos sobre o funcionamento da rede e entender que é fundamental fazer a prevenção nas unidades básicas. Também precisamos pensar em uma padronização que leve em consideração as características de cada região. Na região central, precisamos de mais clínicos do que pediatras; outras regiões precisamos de pediatras e clínicos na mesma quantidade. Por isso, essa será a primeira audiência, pois precisamos discutir e melhorar as ideias e propostas”, concluiu o parlamentar.
Prestigiaram a audiência os vereadores José Carlos Santa Maria, Cristiane Celegato, Adauto Tô Tô, Carmônio Bastos, Julião, Tadeu Neves, Joel Nunes, Fabio Chirinhan e Emerson Osasco, além de Salomão Júnior, da Secretaria Executiva da Pessoa com Deficiência, e Suzete Franco, secretária-adjunta de Saúde.