Policiais tapam câmeras corporais durante ação que causou a morte de suspeito de sequestro em Osasco
Os três policiais que foram presos após a morte de um suspeito de sequestro em Osasco, no último dia 12, taparam as câmeras dos uniformes durante a ação, segundo investigação da Justiça Militar. Nesta quarta-feira (20), a Justiça concedeu habeas corpus e revogou a prisão preventiva dos três agentes.
A ação aconteceu na terça-feira da semana passada, dia 12. A Polícia Militar informou que a perseguição aos suspeitos começou após a denúncia de que eles haviam sequestrado uma pessoa na região de Barueri, também na Grande São Paulo. Os criminosos tentaram fugir pela Rodovia Anhanguera.
Equipes da Polícia Militar de Barueri, de Cajamar, de Osasco e da capital participaram da ocorrência até o momento em que os suspeitos abandonaram o veículo na altura do km 28 da Anhanguera e fugiram a pé por uma região de mata.
Segundo a PM, uma equipe do 1º Batalhão de Choque da Rota prestou apoio à ocorrência e encontrou um dos criminosos. A versão da polícia é que os agentes da Rota trocaram tiros com o suspeito, que foi baleado. Ele chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao Pronto-Socorro de Osasco, onde morreu. Um outro comparsa foi preso e outro fugiu.
No entanto, a Corregedoria da PM passou a investigar o caso e abriu um Inquérito Policial-Militar (IPM) para apurar a morte. Após analisar a imagem das câmeras, o inquérito concluiu que os agentes “praticaram fraude processual ao obstruírem os registros das câmeras operacionais padrão que utilizavam posicionando os seus fuzis na frente da COP, colocando as mãos na sua frente e ao se posicionarem de forma contrária à da vítima para que não fossem registradas as imagens da execução”.
As Câmeras Operacionais Portáteis (COP) gravam tudo automática e interruptamente, sem que o agente precise acioná-los, e começaram a ser usadas pela primeira vez em junho de 2021.
O uso das câmeras é reconhecido como um dos principais motivos para a redução da letalidade policial em todo o país. De acordo com o monitor da violência, as mortes provocadas por policiais atingiram o menor patamar em quatro anos.
A investigação aponta que o suspeito pode ter se entregado, com as mãos para o alto, quando foi baleado, e que poderia estar desarmado. O inquérito indica ainda que a arma encontrada com o suspeito morto pode ter sido colocada pelos próprios policiais para legitimar a ação.