Cetas Barueri e sua honrosa missão de preservar a fauna brasileira
O Centro de Triagem de Animais Silvestres de Barueri (Cetas), ligado à Secretaria de Recursos Naturais e Meio Ambiente (Sema) tem por objetivo receber animais silvestres vítimas de tráfico, de entrega voluntária por posse indevida ou encontrados em risco, doentes ou feridos. O setor oferece todo o atendimento veterinário necessário a cada caso, realiza todo o processo de reabilitação e, no momento certo, devolve as espécies aos seus habitats naturais.
Desde seu surgimento, em 2012, o Cetas tem recebido diversas espécies da fauna brasileira, cuidando e reabilitando as espécies para o seu retorno à natureza. Quando não é possível, são enviados a zoológicos ou centros especializados.
Em seu primeiro ano de atuação, o Cetas realizou 890 ações dentre recebimento de animais, recuperação e solturas. De 2012 até agosto de 2022, foram 20.209 procedimentos realizados. Só as solturas somam 4.621 nessa década. Este ano, até agosto, com a retomada de várias atividades antes prejudicadas por conta da pandemia, o Cetas realizou 2.494 ações de salvamento.
Tráfico
Os animais apreendidos pelas polícias Civil e Ambiental e as Guardas Civis Municipais da região oriundos do tráfico acabam sendo encaminhados ao Cetas para seu devido cuidado. O tráfico de animais silvestres é crime, de acordo com a Lei Federal 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 em seu artigo 29.
Segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), de cada 20 animais capturados, apenas um é resgatado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Mais de 38 milhões de espécies são retiradas todos os anos da fauna brasileira pela atividade ilegal, sem contar os 60 milhões de peixes ornamentais amazônicos enviados para a Ásia. A ilegalidade é a terceira maior do mundo, ficando atrás apenas dos tráficos de armas e drogas. De cada 10 animais capturados, nove morrem antes de chegar ao destino final.
Entrega voluntária
Muitas pessoas ainda acreditam que a compra ilegal desses animais ou mesmo a posse obtida por meio de caça ou herança não são crimes, fortalecendo esse tipo de irregularidade. Mas essa atitude causa danos que podem ser irreversíveis aos animais, pois eles correm o risco de não se adaptarem novamente ao ambiente de origem devido ao enclausuramento e, dependendo da espécie, pode apresentar atrofia em alguns músculos, restringindo sua locomoção e até a possibilidade de voo, no caso das aves. Há ainda questões relacionadas à alimentação inadequada e outros problemas correlatos.
Por isso a entrega desses animais ao Cetas se faz necessária, ofertando a ele o devido tratamento e a possibilidade de retornar à natureza, caso ainda seja possível.
Animais doentes ou feridos
Caso encontre um animal silvestre ferido ou doente, pode-se tomar dois caminhos. Um deles é entrar em contato com as polícias Civil e Ambiental ou com a Guarda Civil de seu município – Barueri, por exemplo, conta com uma divisão ambiental incorporada à Guarda Municipal -; ou entrar em contato com o Cetas para obter informações de como proceder com a abordagem e entrega do silvestre. O socorro imediato e adequado pode salvar a vida do animal.
Animais recém-nascidos e filhotes
Os animais recém-nascidos ou filhotes podem sofrer com ações do homem, de outros animais, de intempéries (vento, chuva etc.). Nesse caso é preciso agir de maneira correta para que eles voltem em segurança ao seu ninho e aos seus pais, mas se isso não for possível, algumas ações podem ajudar.
Se o filhote estiver ferido, apresentando sangramento e/ou fratura, deve ser encaminhado imediatamente ao Cetas para o recebimento de cuidados. Em caso de dúvida, ligue no Cetas e peça orientação de como proceder.
Se o filhote estiver sem ferimentos aparentes ou se os pais estiverem por perto, evite pegá-los na mão e aguarde ele retomar a rotina. Caso seja necessário pegar o animal, procure utilizar um papel ou pano limpo para remanejá-lo até um local mais próximo do ninho e longe de perigos iminentes.
A bióloga Erika Sayuri Kaihara, responsável pelo Cetas de Barueri, explica a necessidade de obter esclarecimento antes de retirar um animal silvestre do local em que foi avistado.
“A quantidade de filhotes entregues cresce em torno de 20% a cada temporada, que vai de setembro de um ano a março do ano seguinte. Podemos interpretar esses dados de duas formas: o grau de antropização (ação do ser humano sobre o meio ambiente) está aumentando vertiginosamente nos últimos anos e a adaptação dos animais não se adequa ao da urbanização. Ou está crescendo a necessidade humana de interferir no ciclo de vida dos animais silvestres, seja para supostamente protegê-los de intempéries ou por achar que filhotes em aprendizado de voo estão vulneráveis e precisam ser resgatados. Acredito que a segunda hipótese seja a mais plausível, uma vez que a interferência desnecessária das pessoas em ninhos e em animais em aprendizado de voo cresce na medida que cresce a humanização de animais considerados pet tradicionais, tais como cachorros e gatos”, alerta a especialista.
Resgate e/ou denúncia
Para entrar em contato como Cetas, o número é (11) 4689-0314 (WhatsApp) ou via Instagram. No caso de resgates e/ou denúncias, pode-se efetuar o contato com as seguintes instituições: Polícia Ambiental no (11) 4789-0905; Guarda Civil Municipal no (11) 4199-1400; Secretaria de Recursos Naturais e Meio Ambiente no (11) 4199-1500; Defesa Civil nos (11) 4199 0620 / (11) 4163 3782.
Trajetória em números
Desde seu surgimento em 2012, o Cetas tem recebido diversas espécies da fauna brasileira, cuidando e reabilitando estes bichos para o seu retorno a natureza e, quando não é possível, a zoológicos ou centros especializados em abrigo destes silvestres.