Com proximidade do Carnaval, preocupação com vacinação deve ser redobrada
Meningite, poliomielite e COVID-19 estão entre as principais preocupações para quem pretende se deslocar pelo País e para o exterior
As próximas semanas reservam momentos de grandes celebrações e aglomerações em ruas e avenidas das cidades brasileiras. Em meio às programações de viagem e deslocamentos neste período do ano, é importante relembrar a importância da manutenção dos cuidados com a saúde, em especial, com a vacinação, seja antes, durante ou depois do período de carnaval.
Saber quais imunizantes precisam estar em dia, a situação epidemiológica do local de destino e quais medidas sanitárias estão em voga são preparos fundamentais para prevenir doenças graves, como meningite, pneumonia, COVID-19 e outras, antes de cair na folia.
Nessa época, a preocupação com a carteirinha de vacinação torna-se ainda mais necessária, visto que a cobertura vacinal geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2022 foi de 43,78%[1], segundo o DATASUS. A meta geral do PNI para imunizações é de 95%1.
Com a queda crescente na busca por imunizantes no País desde 20181, doenças como a meningite meningocócica voltaram a fazer parte do dia a dia de algumas cidades. Entre 2010 e 2020, o Brasil registrou cerca de 190 mil casos de meningite. Em 20,7% deles o sorogrupo B foi a causa da doença, com 40% dos diagnósticos em jovens e adultos[2].
Adriana Polycarpo Ribeiro, Diretora Médica da Pfizer Brasil, explica que doenças graves estão ressurgindo no Brasil e em outros países por conta da queda na busca por imunizantes. “A vacinação protege não apenas os vacinados, mas também aqueles que por algum motivo não podem se imunizar. Quanto mais pessoas de uma comunidade estão protegidas, menor é a chance de uma doença se propagar. Portanto, a vacinação, em todas as idades, é imprescindível para evitar o avanço das doenças e proteger toda a sociedade. E isso vale também quando vamos visitar outras regiões ou Países”, explica.
Como programar seu carnaval e suas vacinas?
O infectologista Eduardo Ditzel[3] orienta foliões que pretendem brincar o carnaval pelo País devem estar com a carteira de vacinação atualizada antes de festejar.
“O mais importante é estar com todas as vacinas em dia e não só as contra a COVID-19. Tivemos surtos recentes de meningite em alguns estados, por exemplo. Idealmente, indicamos que os viajantes iniciem os cuidados médicos com pelo menos 30 dias de antecedência da viagem, para que seja possível fazer todas as vacinas e cuidados médicos necessários para cumprir as exigências das autoridades de saúde e para viajar de forma segura”, comenta.
“No caso da COVID-19 em especial, estamos em um momento de alta de casos não só no Brasil, mas no mundo. Portanto, cumprir todo o esquema vacinal, com todas as doses de reforço, e manter cuidados como o uso de máscara em ambientes como aeroportos e rodoviárias, evitar aglomerações e seguir com higienização constante das mãos são cuidados necessários e que devem ser mantidos longe de casa”, reforça o infectologista, que também relembra dos cuidados com a alimentação durante a viagem.
Saúde do Viajante para quem chega e sai do País
O Ministério da Saúde oferece recomendações e orientações gerais para a saúde do viajante. Dentre as recomendações, a pasta destaca atenção à imunização contra meningite, febre amarela, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) e poliomielite[4].
No caso de viagens internacionais, o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia, documento de comprovação vacinal com base em regulamentos internacionais de imunizações, é exigido por outras nações4. A emissão do documento é realizada pelas Unidades Emissoras do Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia-CIVP. O documento é gratuito e emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Para informações sobre vacinas exigidas por outros países e locais de emissão, basta acessar o Sistema de Emissão de CIVP4.
O que é meningite e quais os principais sorogrupos da doença?
Uma das doenças que requerem especial atenção para quem pretende viajar é a meningite. Considerada endêmica no Brasil, trata-se de uma inflamação das meninges, membranas que recobrem o cérebro e outras estruturas do sistema nervoso central[5]. Todos os anos, cerca de mil pessoas[6] são diagnosticadas com a doença no país.
Os agentes causadores mais comuns são vírus e bactérias, sendo essas as responsáveis pelas formas mais graves da doença. Fungos, parasitas e protozoários são outros agentes causadores5,7 da doença.
De forma geral, a transmissão acontece por meio de gotículas expelidas por boca e nariz e pela ingestão de alimentos e água contaminadas5,[7]. Embora a preocupação geral seja mais voltada às crianças, adolescentes e adultos jovens são considerados a chave para o controle da doença no país, uma vez que em 20% dos casos a doença se manifesta de forma assintomática nessas faixas etárias, que atuam como dispersores dos agentes causadores[8].
A meningite meningocócica é a síndrome clínica mais frequente em quadros de doenças meningocócicas bacterianas no Brasil e se caracteriza pela evolução rápida de sintomas, inclusive, em alguns casos, evoluindo para óbito em até 48 horas. Febre alta, mal-estar, náusea, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, em alguns casos, manchas avermelhadas pelo corpo, são os sintomas mais característicos5,7.
A doença pode ser causada por 12 sorogrupos, sendo os tipos A, B, C, W e Y os mais comuns[9],[10]. No Brasil, a bactéria Neisseria meningitidis (sorotipo B) é a principal causa de meningite bacteriana no território nacional5.
O segundo tipo mais comum da doença no país é a meningite pneumocócica, causada pelo agente Streptococcus pneumoniae, o mesmo responsável pela pneumonia. Os sintomas mais comuns, e que devem despertar atenção são: febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, falta de apetite, irritação e tontura. A doença representa grande risco de sequelas neurológicas importantes, como perda auditiva e de visão, e possui alto índice de letalidade, tendo em vista que cerca de 30% dos pacientes evoluem para óbito[11].
Para ambos os tipos, a vacinação é considerada a forma mais eficaz para prevenir a doença5,7. O Ministério da Saúde indica que crianças, adolescentes e adultos se imunizem antes de viagens a locais com surtos da enfermidade4. Vacinas contra a doença estão disponíveis nas redes pública e privada de saúde.
Para prevenção às meningocócicas, o Sistema Único de Saúde oferece imunizante contra Meningite Meningocócica do sorogrupo C para crianças a partir de 3 meses de vida e contra os sorogrupos ACWY para adolescentes de 11 e 14 anos[12]. A rede privada conta também com a vacina meningocócica ACWY para as demais faixas etárias[13],[14],[15],[16], além de imunizantes contra o tipo B para adolescentes e adultos até 25 anos.
Já contra as pneumocócicas, as Unidades de Saúde e os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) contam com três tipos:
· VPC10 – Nas Unidades Básicas de Saúde, para crianças de 2 meses a 4 anos. Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), para crianças com até 5 anos de idade que tenham certas condições de saúde que aumentam o risco para doença pneumocócica grave [17].
· VPC13 – Nos Centros de Referências para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) para pessoas vivendo com HIV, pacientes transplantados e oncológicos em todas as faixas etárias 17.
· VPP23 – Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), para pessoas a partir de 2 anos de idade, adolescentes e adultos com condições de saúde especiais que as tornam propensas a ter doença grave causada pelo pneumococo [18].