Mercado imobiliário deve ser normalizar em 2023 após trÊs anos de incertezas
No início de 2022, os mercados imobiliários em todo o mundo enfrentaram uma grande demanda, oferta limitada e preços altos. Olhando para 2023, o cenário mudou drasticamente desde que os bancos centrais começaram a aumentar as taxas de juros. Embora os preços estejam caindo e as casas permaneçam no mercado, muitos no setor veem a mudança mais como uma normalização do que como uma correção.
A atividade de vendas e o crescimento dos preços de março de 2020 a 2022 foram muito altos, acima do normal e agora as coisas tendem a ser mais equilibradas. Esse processo já começou, com o crescimento global dos preços das residências para propriedades de luxo — os 5% principais do mercado — desacelerou para 8,8% ao ano no terceiro trimestre, abaixo dos 10,9% em seu pico no início de 2022, de acordo com um relatório da Knight Frank. Mas, considerando a inflação, os preços das casas estão caindo 0,3% ano a ano, apontou o levantamento.
”Na questão de preços, vemos que o mercado residencial no geral tem se valorizado abaixo da inflação e mais abaixo ainda do custo de reposição, então mesmo em cenário de aumento de juros, um choque em preços parece remoto, desde que não tenhamos eventos extraordinários. Apesar disso, os imóveis, principalmente os mais líquidos, se mostram como uma ótima reserva de valor quando analisamos os dados históricos.” aponta Rafael Tellechea Cerqueira, cofundador da aMORA.
Além disso, outro fator que deve impactar neste ano é o retorno de investimentos advindos dos programas de incentivo à moradia do Governo Federal e obras de infraestrutura prometem fortalecer o cenário, incentivando e aumentando a procura por imóveis.
Todavia, o aumento no juros ainda é algo que ressoa como alerta para o mercado, que está bastante preocupado quanto ao seu desenrolar no decorrer do ano. Para Rafael, “o mercado imobiliário tem tendências cíclicas, com relação ao momento macroeconômico, principalmente as taxas de juros. Por isso, é difícil cravar como será o comportamento dos juros no ano neste ano, mas se tivermos um movimento de aumento de taxas, a compra do imóvel vai ficar mais complicada para a maioria dos brasileiros”.
De forma geral, as expectativas do mercado para o setor imobiliário em 2023 são positivas. Esse deve ser um ano de uma busca por estabilidade, tendo em vista nenhum fator impeditivo em larga escala como visto nos quase três últimos anos. Os maiores desafios estão em torno da inflação e a perspectiva de que as taxas de juros começam a cair lentamente. Por outro lado, é esperado que as incorporadoras devam retomar o ritmo de crescimento e o crédito imobiliário tende a voltar a crescer, com projeções favoráveis.