Emoção e lágrimas marcam cerimônia de formatura da EJA/MOVA
Relatos de superação, motivação, emoção e lágrimas marcaram quinta-feira, no Centro de Eventos Pedro Bortolosso (Avenida Visconde de Nova Granada, Km 18), a cerimônia de certificação de 250 formandos do segundo semestre da EJA/Mova (educação de jovens e adultos).
Participaram da cerimônia o secretário de Educação, Cláudio Piteri, que representou o prefeito Rogério Lins, o adjunto José Toste Borges, Izilda Orlando, secretária executiva de gestão escolar, Rutiléa Antunes, supervisora de educação, Rodrigo Pinho de Farias Lourenço, coordenador do MOVA, demais secretários municipais, os vereadores Ana Paula Rossi e Délbio Teruel, e familiares dos formandos.
A EJA é uma modalidade de ensino destinada aos jovens e adultos a partir de 15 anos de idade. O curso corresponde ao 1º segmento do ensino fundamental (1ª ao 5ª ano) e pode ser completado em três anos. EJA e o Mova atendem aproximadamente 1.500 alunos em 23 unidades educacionais e 15 núcleos de MOVA.
A professora Mika Mira Mori, da Emeief Messias Gonçalves da Silva, fez discurso emocionado. “Nós (educandos) também temos sonhos, um deles é fazer o nosso melhor por vocês. Então, sigam em frente, pois nunca é tarde para começar a aprender ou retomar os estudos. Continuem a realizar os sonhos de vocês”.
Em entrevista, Márcia Teixeira e Cleusa Maria Gonçalves, ambas de 65 anos, também deram depoimentos comoventes sobre as razões que as levaram a abandonar os estudos. “Parei no 3º ano primário (equivalente hoje ao 3º do fundamental) porque desde pequena tive que ajudar a cuidar de casa para os pais trabalharem. Depois também comecei a trabalhar para ajudar com as despesas. Voltei a estudar no começo do ano passado. A educação abre outras possibilidades na vida da gente”, disse Márcia, que já se aposentou e mora na Vila São José, zona Norte do município.
Moradora do Jardim Roberto, na zona Sul, Cleusa, por sua vez, segue trabalhando como cuidadora de idoso em uma casa de família na capital. Viúva e mãe de 5 filhos, dos quais três cursaram universidade, ela tem 5 netos e 2 bisnetos. “Estou muito feliz, porque depois de muitas décadas, em 2021 voltei a estudar, meus filhos seguiram meus conselhos e estudaram, e minha neta se forma em odontologia no ano que vem. Isso tudo serviu de inspiração para eu voltar a estudar”.
Segundo Cleusa, a vida difícil da família na roça, em Santa Adélia, no interior paulista, fez com que tivesse que parar os estudos no 2º ano primário. “Quando eu parei, tinha uns 8 ou 9 anos de idade. Somos em 14 irmãos e meus pais trabalhavam em fazendas daquela região. Eles saíam para trabalhar às 4h da manhã no plantio e colheita de café. Eu ajudava a cuidar dos mais novos de manhã, depois ia levar o almoço para meus pais e ficava ajudando eles no restante do dia na roça. Eu casei muito cedo, com 15 anos, aí não deu para voltar a estudar”.
Ainda de acordo com Cleusa, apesar do trabalho árduo no campo, a família era feliz. “Na época a gente não tinha tevê em casa, nem brinquedos. Depois que a gente jantava, meu pai pegava o violão, íamos para o quintal, e ele tocava e cantava. Minha mãe e nós sentávamos no chão e ficávamos ouvindo, até a gente pegar no sono e ir dormir. Era uma vida muito simples, mas de felicidade, a família reunida. Hoje mudou tudo. Todo corrido. Os filhos quase não veem mais os pais, que saem cedo para trabalhar e só voltam à noite”.