Chegada do outono evidencia o surgimento de doenças respiratórias e preocupa especialistas

Infectologista do CEJAM fala sobre os principais quadros que costumam atingir a população durante o período

“No outono é sempre igual.” Seja na música ou no dia a dia, essa frase define a nova estação. Embora a temporada ainda não apresente períodos de frio intenso, ela segue um padrão caracterizado pelo tempo seco e pela piora da poluição atmosférica, o que pode resultar em aumentos de doenças respiratórias.

No início de março, o Ministério da Saúde deu início à campanha nacional de vacinação contra a gripe, antecipando seu calendário habitual. A estimativa é que 75 milhões de pessoas sejam imunizadas, priorizando grupos de maior vulnerabilidade, como idosos, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde, crianças de 6 meses a menores de 6 anos, professores da rede pública de ensino, entre outros.

Mas apesar da ação de vacinação, com as condições climáticas propícias para a propagação de vírus, todo cuidado ainda é pouco.  Isso porque muitos deles têm sintomas semelhantes e precisam das orientações médicas necessárias para o diagnóstico correto.


“No outono, intensifica-se a presença de vírus como o da Influenza, causador da gripe, e o Rinovírus, responsável pelo resfriado comum. Além disso, não podemos nos esquecer do vírus da Covid-19, que, apesar do fim da pandemia, ainda se mantém presente na sociedade, encontrando um ambiente fértil nesse período”, afirma a infectologista Dra. Rebecca Saad, coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”.

A gripe geralmente causa febre, sensação de cansaço, dores no corpo, tosse seca, secreção nasal e espirros. Por outro lado, os resfriados podem cursar com sintomas como coceira no nariz, garganta irritada, congestão e secreção nasal, espirros horas após a infecção e febre baixa, em alguns casos.

Já a Covid-19 apresenta como principais sinais a perda de olfato, tosse, dor de garganta, coriza, dor abdominal e fadiga. Somente na décima semana do ano (4 a 10 de março), antes mesmo da chegada do outono, foram 53,87 mil casos notificados no Brasil, de acordo com Ministério da Saúde. E não é segredo que a infecção respiratória pode gerar complicações graves ao organismo humano.

A gripe e a Covid-19 podem ser evitados com a vacinação, o resfriado, por sua vez, atualmente não conta com vacina. Da mesma forma, o período pode exacerbar crises de asma, rinite, bronquite e sinusite. Nessas situações, as bactérias responsáveis podem se aproveitar da imunidade baixa de pessoas que já estão com Influenza ou resfriadas, por exemplo.

Ainda existe o vírus sincicial respiratório (VSR), que também pode ganhar força durante o período. “Esse vírus é responsável pelo desenvolvimento da bronquiolite e é comum em crianças menores de dois anos. Alguns sintomas incluem chiado no peito, febre e cansaço. A pneumonia também pode ser comum, já que ele afeta os brônquios e pulmões e, para esses casos, não existem vacinas”, explica a médica.

Todas essas patologias respiratórias podem também evoluir, na sua forma mais grave, para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O caso é considerado bastante sério, pois gera insuficiência respiratória acompanhada de febre alta e prolongada, tosse, cansaço, chiado, aumento da frequência respiratória e queda de saturação.

“Para essas pessoas, é necessário um cuidado mais intenso, como a internação. Bebês, crianças, idosos e grávidas são os grupos mais vulneráveis”, destaca a infectologista.

Diante desse cenário e dos riscos associados, é crucial que a população esteja alerta e adote medidas preventivas para proteger a saúde individual e coletiva. “Manter a vacinação em dia, principalmente as doses contra gripe e Covid-19; usar máscaras faciais em lugares fechados; higienizar as mãos com frequência; e seguir com o distanciamento social de pessoas infectadas são fundamentais”, reforça Dra. Rebecca.

Ademais, é importante cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar e manter uma ventilação adequada dos ambientes fechados, para reduzir o risco de transmissão viral. Além disso, é essencial cultivar bons hábitos de alimentação, beber bastante água, ter sono de qualidade e praticar esportes. “Essas práticas ajudam tanto no bem-estar como no fortalecimento da imunidade, reduzindo as chances do aparecimento desses problemas.”

A profissional enfatiza que, apesar dos sinais comuns de cada doença, é necessário que o paciente sempre passe por uma avaliação médica completa em caso de qualquer suspeita, para assim receber os cuidados adequados ao seu caso específico e prevenir a transmissão.

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