Chuvas instauram o caos na Região Oeste
Cauê Rigamonti
A cidade de São Paulo e toda sua região metropolitana recebeu o segundo maior volume de chuva em 24 horas, em 77 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A água que caiu entre o final da tarde de domingo (9) e manhã de segunda-feira (10) fez transbordar os rios Pinheiros e Tietê, parando quase toda a cidade de São Paulo, em um dia de caos que se estendeu por toda a Região Oeste também.
O caso mais grave aconteceu no Morro do Socó, em Osasco, onde houve um deslizamento de terra. Um garoto de sete anos foi soterrado e resgatado com vida. Ele teve uma parada cardíaca, foi reanimado pela equipe de socorristas e encaminhado para o Hospital Francisco Moran, em Barueri, com uma perna quebrada.
Em Osasco, que registrou o maior índice de chuva dos últimos 7 anos, com 186 mm, também foi marcante a inundação no bairro do Piratininga, às margens do rio Tietê. Carros ficaram submersos ainda em trechos da avenida dos Autonomistas. Estações da linha diamante da CPTM apresentaram problemas, e pela manhã tiveram que fechar as portas aos usuários. O ramal entre as estações Osasco e Santo Amaro não operou. O entvorno da estação Miguel Costa da CPTM foi uma das mais afetadas, onde também carros ficaram submersos.
Por conta das enchentes, em solidariedade aos moradores que tiveram casas afetadas e para executar os trabalhos de rescaldo (que atravessaram toda esta semana), a Prefeitura de Osasco adiou o lançamento da programação de aniversário de 58 anos de emancipação político-administrativa do município, que seria realizado na quarta-feira, 12/2. Também foram adiados os shows de aniversário em parceria com a Rádio Nativa FM, que aconteceria neste domingo, 16, no Estádio Prefeito José Liberatti, no Jardim Rochdale. Assim como o show e o lançamento da programação, outros eventos agendados para acontecerem durante a semana de 10 a 16/2, como entregas de reformas, inauguração do CID, entre outros, também foram adiados.
Barueri
Em Barueri também houve recorde de chuvas – a cidade registrou maior volume dos últimos 7 anos, com 145,8 mm. Pela primeira vez em pelo menos 35 anos, toda a região central acabou debaixo d’água – desde o Jardim São Pedro (região onde ficam as Secretarias de Obras, Meio Ambiente e Assistência Social), passando pelas avenidas 26 de Março e Henriqueta Mendes Guerra (no bulevar central), avenida Dom Pedro II e rua João da Matta e Luz (em frente à Prefeitura).
Esta região afetada está às margens do rio Barueri-Mirim, tamponado desde o Jardim Belval até o Centro Comercial de Barueri, onde desemboca no rio Tietê. Com o volume de águas que veio pelo córrego também da cidade de Jandira, o escoamento ficou prejudicado e o Barueri-Mirim não deu conta, causando as inundações que não se viam há muito tempo na região central.
Bairro que costumeiramente já apresenta inundações por conta das chuvas, o Jardim Maria Helena, à beira do rio Cotia, foi uma das regiões que mais sofreu com as enchentes de segunda-feira. O Jardim Belval, em especial na avenida Itaquiti, também inundou – a via está às margens do rio Itaquiti, também tamponado.
Ainda na segunda-feira, a Prefeitura cancelou as aulas em toda a rede municipal e o atendimento na maioria dos equipamentos públicos. O governo municipal montou no Parque dos Camargos uma estrutura para acolher quem no início da semana não tinha condições de retornar às suas casas, e também para fornecer colchões, cestas básicas e cobertores a quem perdeu suas coisas com a enchente. Uma mobilização para doações foi também estruturada já na segunda-feira, com base na rua da Prata, Jardim dos Camargos.
Carapicuíba
O terminal de ônibus ao lado da estação Carapicuíba da CPTM também amanheceu debaixo d’água na segunda-feira. Mais de 10mm de chuva caíram em 24 horas na cidade. A água também invadiu ruas e casas em bairros como Jardim Novo Horizonte, Cohab 5, Vila Dirce, Ariston e Vila Gustavo Correia.
A estação Carapicuíba da CPTM precisou ser fechada pela manhã. O Parque dos Paturis também ficou alagado. O acesso da cidade a Barueri ficou interditado, pelo Corredor Oeste, justamente na região do Maria Helena, onde o rio Cotia transbordou.
O “lado positivo” das enchentes em toda a região metropolitana é que não foi registrado nenhum caso de vítima fatal. No Estado de São Paulo, pelo interior, por conta das chuvas, foram registradas pelo menos sete mortes.