Computação aplicada à educação na USP: curso prepara profissionais para os novos tempos
Oferecida na modalidade a distância, oportunidade está com inscrições abertas até 24 de agosto
Um futuro em que a computação e a tecnologia serão parte integrante e inerente do processo de ensino e aprendizagem. Para muitos, esse era um futuro que parecia distante, mas, com a pandemia do novo coronavírus, encontrar soluções utilizando as tecnologias da computação tornou-se um dos desafios cotidianos dos profissionais da área educacional. Quem deseja aprimorar os conhecimentos nesse campo pode se inscrever na Pós-Graduação a Distância em Computação Aplicada à Educação, oferecida pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
Para se inscrever, não é necessário possuir formação prévia em computação e programação, basta ter concluído uma graduação em qualquer área. O curso é pago, e são 480 horas de aprendizagem divididas em 11 disciplinas e quatro módulos, tudo oferecido a distância. “As tecnologias educacionais têm, atualmente, papel central no desenvolvimento de profissionais preparados para superar os desafios do século 21. Entender, desenvolver e utilizar essas tecnologias requer, não apenas conhecimento sobre educação, mas também competências e habilidades na utilização de técnicas da computação para revolucionar o ambiente educacional”, explica o professor Seiji Isotani, do ICMC, que coordena o curso.
Ele explica que a Pós-Graduação a Distância em Computação Aplicada à Educação é uma jornada de 21 meses pelos conceitos, práticas e ferramentas mais avançadas na área de computação que dão apoio aos processos de ensino e aprendizagem. Nesse trajeto, os alunos terão a oportunidade de compreender os impactos dessas tecnologias no ecossistema educacional. “O curso oferece uma combinação única entre pesquisa e experiência prática com conceitos teóricos sólidos e projetos desenhados para acelerar a construção do conhecimento. Além disso, trabalhamos as habilidades fundamentais para que os participantes desenvolvam suas carreiras, tornem-se líderes na área de tecnologias educacionais e possam implantar estratégias de inovação digital em suas instituições”, completa Seiji.
Entre os assuntos que serão abordados estão, por exemplo, inteligência artificial na educação, realidade virtual e aumentada aplicadas a situações de ensino, personalização da aprendizagem em ambientes virtuais, gamificação, computação afetiva, criatividade e metacognição: “Nossa filosofia é aprender fazendo. Ou seja, colocando a mão na massa. Assim, as aulas combinam atividades teóricas com projetos que fazem os alunos ganharem experiência prática sobre os tópicos abordados”.
A voz dos alunos – Aluna da primeira turma do curso, Karina Dias é formada em administração de empresas e coordena o Núcleo de Prática Profissional e o Laboratório de Inovação e Empreendedorismo do Centro Universitário da Unifacisa, em Campina Grande, na Paraíba. Neste primeiro semestre de 2020, ela está se dedicando ao Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação (a distância) do professor Alex Sandro Gomes, professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco.
O trabalho, que deverá ser entregue em agosto, propõe a criação de um cursinho solidário para estimular jovens de baixa renda de Campina Grande a desenvolverem o pensamento computacional. Karina propõe utilizar uma nova metodologia de ensino híbrido, combinando ensino presencial e a distância, e mesclando elementos das áreas de inovação, design e antropologia. O objetivo é, por meio de técnicas provenientes dos jogos (gamificação), propiciar que cada estudante consiga montar sua própria jornada de aprendizado, a partir do nível de conhecimento que já dispõe (nível de maturidade): “70% das vagas serão destinadas para meninas e mulheres, lembrando que um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) é assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos”.
Karina ainda destaca que a proposta está em sintonia com ações já realizadas na Unifacisa, também relacionadas às ODS, destinadas a aumentar o número de jovens e adultos com competências técnicas e profissionais. “A especialização em Computação Aplicada à Educação foi minha primeira experiência com um curso de longa duração de ensino a distância e foi incrível: a plataforma gamificada é intuitiva e temos professores experientes e capacitados, que agregaram muito valor ao meu trabalho. Coloquei em prática diversas disciplinas, por meio de projetos estratégicos de engajamento com públicos diversos, tais como alunos do ensino médio, do ensino superior, professores e comunidade em geral”, revela a profissional.
Outro aluno da turma, o psicólogo André Lindemam, explica que está vivenciando uma experiência semelhante: “Todo o conhecimento que adquiri procuro colocar em prática na instituição em que trabalho. Tem sido ótimo: em um ano, já criamos o Núcleo em Inovação e Tecnologias Educacionais além de realizar diversos treinamentos”. Coordenador desse novo núcleo, sediado no Centro Universitário UniAraguaia, em Goiânia, André é especializado em administração de empresas e também coordena o MBA em Gestão Comercial e Inteligência de Mercado oferecido pela instituição. “No contexto da covid-19, conseguimos promover 12 cursos em nível nacional, ajudando muitos professores na utilização da tecnologia em sala de aula, contabilizando mais de 5 mil inscritos em todo o Brasil”, destaca o psicólogo.
Já o físico Marcelo Camargo de Juli, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, ressalta que, apesar de já possuir doutorado, tem aprendido muito durante a especialização: “Cada disciplina representa praticamente uma linha de pesquisa, sendo ministrada por quem faz pesquisa de ponta na área. Não conheço outra especialização que tenha esse nível. Meu conselho para os futuros candidatos é que tenham tempo para se dedicar ao curso”. Para ele, o melhor da especialização foi ter a criatividade desafiada ao extremo. “Posso garantir que ninguém vai morrer de tédio”, garante Marcelo.
Como participar – Para se inscrever na especialização, basta realizar o cadastro no sistema online de inscrição disponível no site do curso até dia 24 de agosto. A taxa de inscrição é de R$ 180. Serão selecionados, no máximo, 300 candidatos de todo o Brasil. O processo seletivo consistirá na análise dos documentos enviados durante a inscrição e o resultado final será informado via e-mail. Após a divulgação do resultado, o candidato aprovado deverá manifestar interesse na vaga, também via e-mail, e efetuar o pagamento da taxa de matrícula (R$ 465) em até sete dias. O valor da taxa é idêntico ao da mensalidade do curso, que totaliza 21 parcelas de R$ 465.
Serão oferecidas, ainda, bolsas de estudos que contemplam isenção total no pagamento da matrícula e das mensalidades. A seleção dos bolsistas será realizada por meio da análise de critérios socioeconômicos e haverá prioridade para a concessão de bolsas a profissionais que tenham experiência na área de ensino e no uso de tecnologias educacionais (veja mais detalhes no site).
Todas as informações referentes ao acesso ao ambiente online de aprendizagem e também em relação ao primeiro encontro presencial serão enviadas aos selecionados após a confirmação da matrícula. As aulas no ambiente online começarão dia 26 de outubro e o primeiro encontro presencial opcional terá sua data divulgada em período oportuno. Conhecida como a capital da tecnologia, São Carlos está localizada no centro do Estado de São Paulo, a apenas 244 quilômetros da capital paulista, 146 quilômetros de Campinas e 101 de Ribeirão Preto.
“O campo de trabalho e pesquisa em Computação Aplicada à Educação tem crescido muito no Brasil e no mundo. Apenas em 2018 foram mais de US$ 16 bilhões investidos nas EdTechs, empresas de tecnologias voltadas para educação, segundo o Instituto Metaari”, argumenta o professor Seiji. “Nossa expectativa com esta segunda turma da especialização é reunir pessoas altamente engajadas, inquietas e motivadas para trabalhar em prol da melhoria da qualidade da educação. Profissionais dispostos a construir o futuro de uma nação por meio de ideias e ações transformadoras, empregando os conceitos mais modernos da computação”, finaliza o professor.
A especialização conta com o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e da Fundação para o Incremento da Pesquisa e do Aperfeiçoamento Industrial (FIPAI).