Denny, um dos filhos pródigos da SDPD

Todas as vezes que Denny Santana Padilha, de 29 anos, retorna à sede da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SDPD), sua satisfação pessoal é enorme. A de seus antigos orientadores também.

Se ele estiver na condição de representante do Hospitalis (um dos maiores hospitais particulares de Barueri) para coordenar a seleção de profissionais com deficiência, a satisfação é ainda maior.

Também pudera: em setembro de 2018 quem estava na condição de selecionado era ele. Denny foi aprovado num processo seletivo como auxiliar de escritório para o departamento de tecnologia da informação daquela empresa.

“O ‘Programa Incluir’ busca o ingresso e a permanência de pessoas com deficiência no mercado de trabalho através de ações das equipes de pré e pós-contratações”, declara Patrícia Fulachio, diretora do Departamento de Empregabilidade da SDPD.

Antes do Hospitalis, Denny trabalhou na portaria de uma escola particular e também de uma metalúrgica, ambas em Barueri. Ao chegar no Hospitalis, a gestora de RH Grazilene Sales percebeu que ele tinha vocação para trabalhar em seu departamento.

Quando veio o convite para se transferir, ele não estava convicto de que iria gostar, mas depois de algum tempo no setor percebeu que Grazilene estava coberta de razão. Ele se apaixonou pela nova rotina de trabalho e principalmente de participar da seleção de profissionais, sejam eles com deficiência ou não.

Veio a luz que faltava: quer cursar Gestão em Recursos Humanos, mas a pandemia atrasou seus planos de um curso presencial. Ele conhece a Lei 13.146/2015 que prevê cotas de pessoas com deficiência em estabelecimentos de ensino.

Sua história com a SDPD

Denny começou a desenvolver um ceratocone (doença que deixa a córnea em forma de cone e vai comprometendo aos poucos a capacidade de enxergar). O grau acentuado da enfermidade deixou-o cego dos dois olhos aos 18 anos.

Teve de frequentar as oficinas de leitura em braile e de uso de bengala na SDPD, mas depois de dois anos na fila do transplante de córnea, foi contemplado: surgiu um órgão compatível, ele se submeteu a uma cirurgia pelo SUS no Banco de Olhos de Sorocaba e conseguiu recuperar a visão do olho direito.

O cidadão

Denny nasceu na Capital, mas mora em Barueri desde os primeiros dias. Concluiu o ensino médio na E.E. República de El Salvador, no Jardim Reginalice. Mora há pouco mais de um ano com Joseline Silva de Lima, sua noiva.

Ela é auxiliar de produção gráfica, tem pouca acuidade auditiva, mas nada que a impeça de ouvi-lo dizer “amore” ou “meu cuscuz com leite”. Planos de ter um bebê? “Sim, mas somente daqui a dois ou três anos”, afirma.

De todos os planos que tem em mente, ele não pode se descuidar de um duelo que o destino já marcou para 2034 com um adversário que ele já venceu há alguns anos e que tem que ser renovado a cada duas décadas: o transplante de córnea.

O secretário da SDPD, Carlos Roberto da Silva, o professor Carlinhos, se sente orgulhoso quando se refere ao antigo usuário e atual parceiro: “A SDPD tem o objetivo de oportunizar o ingresso da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, por meio do estreitamento das relações entre empresa e candidato. Casos como do Denny traduzem a importância deste serviço”, arremata.

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