Verinha, a ativista negra de Barueri e do Brasil

Conciliar as atividades de mãe, esposa, educadora, atriz e ativista dos direitos da mulher negra nunca foi segredo para Vera Delfina da Costa Santos Galdino, a “Verinha”. Ela nasceu na capital paulista há 72 anos e mudou-se para Barueri em 1958.

“Estudei na infância na Escola Raposo Tavares e me aposentei lá como coordenadora pedagógica”, lembra. Meu pai, Waldemar dos Santos (ferroviário e cofundador do clube Paulistano da Glória), já vislumbrava que Barueri seria uma grande cidade. Minha mãe, Benedita dos Santos, era costureira”, complementa.

Em suas aulas de História e Geografia na rede pública, sua negritude causava alguma surpresa, mas num colégio particular em Alphaville sua presença causava espanto: “me perguntavam em que bairro eu morava e se eu sabia quais eram minhas origens africanas”, revela.

Sua militância começou com a adesão ao “Grupo de Teatro e Arte Negra”, da grande ativista fluminense Thereza Santos. Com a apresentação da peça “E Agora Falamos Nós”, o grupo percorreu diversos teatros e escolas da Grande São Paulo divulgando a cultura afro e denunciando o racismo.

Verinha já participou de diversos encontros, palestras e reuniões de saúde e de educação das mulheres negras. “São as mulheres que gerem a família e a pátria. Elas precisam ter consciência da importância do seu papel”, afirma. Ela é autora de diversos artigos jornalísticos e poesias sobre os personagens negros da nossa história. “Muitos educadores (negros ou não) ainda não têm pleno conhecimento deles”, lamenta.

Nas palestras em que é convidada para proferir, o tema não poderia deixar de ser a conscientização e a situação da população negra no Brasil. “Alerto também o nosso povo sobre as leis 10.639 e 11.645 inclusas na LDB (Lei de Diretrizes e Bases) do Ministério da Educação de reparação social que já foram sancionadas mas ainda não totalmente implementadas. Falo sempre  combatendo o racismo, o sexismo e a intolerância religiosa e outros preconceitos tão frequentes na sala de aula e em toda a nossa sociedade”, declara.

Ela define assim a sua paixão pela educação: “a escola deveria ser um lugar tão maravilhoso, onde quem estivesse não quisesse sair e quem não está, quisesse vir”. Verinha é moradora do Jardim São Jorge e tem três filhos (Juliana Petilla, Luana Anastácia e Pedro Felipe).

Na 3ª Festa da Consciência Negra que a Secretaria de Cultura promove em parceria com a Unegro (União de Negras e Negros pela Igualdade contra a Intolerância Religiosa e Homofobia) no dia 21, a partir das 13h, no estacionamento do Ginásio Poliesportivo José Corrêa, Verinha falará um pouco sobre a sua experiência de mais de cinco décadas no movimento negro.

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