Em reunião na Câmara de Osasco grupos defendem aprovação de Projeto de combate a LGBTfobia

Na noite desta segunda-feira (10), a mandata coletiva da Ativoz (PSOL) realizou no Plenário Tiradentes uma reunião com especialistas, representantes da sociedade civil, ONGs e simpatizantes para discutir o Projeto de Lei que pretende instituir no calendário oficial do município o dia da Luta Contra a Homofobia, lesbofobia, Bifobia e transfobia a ser comemorado anualmente no dia 17 de maio.

Além das denominações que caracterizam o preconceito e a violência contra a população LGBTQIA+, o combate à violência e à desinformação que excluem e matam, foram os temas principais do debate. Infelizmente, o Brasil é o país que mais mata pessoas do grupo no mundo, segundo levantamento da ONG Transfender Europe.

E a luta pela implantação do Dia da Luta Contra a Homofobia, lesbofobia, Bifobia e transfobia vem ao encontro da necessidade de ampliar os debates para conscientizar a população em relação à violência e a desinformação.

Ângela Bigardi, da Rede Emancipa em Osasco, que mantém parceria com países do continente africano e oferece cursinho gratuito para estudantes, aproveitou a oportunidade para esclarecer sobre o papel da Educação no combate à violência.

“O combate à LGBTfobia também é uma bandeira da rede emancipa. E apoio é fundamental. Acredito que a escola é um espaço que deveria ser usado para refletir o combate à violência. E a aprovação deste projeto dará mais visibilidade e reforça a luta. Porque só a educação e políticas públicas eficazes combaterão a violência contra os LGBTQIA+”, comentou Ângela.

Representando o Coletivo Juntas, Paula Veneroso concorda com Ângela ao apontar a escola como um lugar onde se discutem diferenças e o combate à violência a população LGBTQIA.  “E importante um dia de luta anti LGBTFobia  em Osasco, porque essas violências que a população sofre diariamente, em diversos aspectos, leva a cidade pra traz nas políticas progressistas e de inclusão. Mas percebemos que há muita resistência na discussão desse assunto com aqueles que estão fora da bolha”, disse Paula.

Luis Felipe, Núcleo LGBTIA+ de Osasco e região, cobrou a formação do Conselho Municipal para melhorar as políticas públicas destinadas a pessoas LGBTQIA+ e também pediu agilidade na efetivação de um ambulatório de atendimento às pessoas trans. “Precisamos de apoio da Casa de Leis porque nossas famílias também sofrem com a violência que nós sofremos. E essa luta tem de ser diária e não apenas em um dia especifico”, comentou Luiz Felipe.

Marcela Negrissima, representando a UNEGRO, defende a causa LGBTQIA, e reforçou a necessidade da luta pelo movimento, mas também de luta pelas mulheres que também sofrem violência. “Nós precisamos ter mais empatia, acolhimento, respeito, comover os cidadãos, precisamos acolher e receber a todos. Necessitamos de muito mais luta e políticas públicas que nos atenda, nos atenda como mulheres principalmente”, esclareceu Marcela.

Por parte das Mães da Resistência, Monalisa Carvalho de Godoi, concorda que a luta é diária. Mãe de um menino trans, relatou os próprios combates que travou em defesa de seu filho e do sentimento de impotência que sentia quando as conquistas demoram a chegar. “Não é moda, não há erro na educação quando uma criança é trans, ninguém escolhe sofrer. É muito difícil ver adolescentes tentando suicídio por falta de apoio. E uma luta que precisa ser validada. Ninguém escolhe sofrer, ninguém nasce para ser uma criança trans. Mas precisamos informar, esclarecer e apoiar”, disse Monalisa.

Deise Oliveira, psicóloga, abordou as questões sofre saúde mental no combate contra violências e também sobre a necessidade de políticas públicas para atender a comunidade LGBTQIA+. “Não nos orgulhamos de números sobre assassinato e sobre suicídios. Precisamos debater e discutir esses temas. Cabe aos profissionais da saúde mental investigar traumas que acometem a população. Mas eles também precisam de apoio e estrutura para realizar os atendimentos”, afirmou Deise ao reforçar a necessidade de ampliar o número de CAPS na cidade.

Alessandra Lopes, a Dundum, da Associação das Transexuais e Travestis de Osasco (ATTO), também falou sobre a necessidade de um ambulatório para atendimento aos Trans e reforçou a necessidade de aprovação do PL par ampliar o debate e dar mais visibilidade à causa.

Elsa Oliveira (Podemos) também prestigiou o debate e declarou que a política tem de ser feita para todos. “Estou aprendendo muito, porque por não fazer parte do grupo LGBTQIA exige que aprendamos para entender e nos juntar à defesa da causa. E é nesse espaço, nesse debate com quem vive essa realidade que posso ouvir, e como agente política pensar em como contribuir no desenvolvimento de políticas públicas eficazes”, declarou a parlamentar que se colocou à disposição para aprender e colaborar com o debate. “É preciso respeitar as diferenças. Respeitar a todos com suas devidas escolhas e caminhos”, concluiu Elsa.

Conhecida no meio artístico, Drag Tiffany reforçou a importância das políticas públicas para crianças ao defender a aprovação do Projeto para levar conscientização e esclarecimento. “Quando uma criança sofre preconceito todos sofrem juntos. Ninguém busca privilégios, quais privilégios? O privilegio de poder viver sem ser vítima de violência?”, questionou Tiffany.

Karina Correia, do Coletivo Pretas, ampliou o debate esclarecendo que também é preciso falar sobre raça e classe social. “Precisamos sim falar de raça, de classe, nesse debate. Porque não é possível igualar as pessoas sem considerar esses aspectos, porque as políticas públicas precisam trazer equidade, equiparação. Porque mesmo as mulheres enfrentam diferenças. Precisamos pautar dignidade e oportunidades para todos”, afirmou.

Higor Andrade, agradeceu a cessão do espaço para o debate sobre o Projeto de Lei, mas cobrou mais participação das autoridades que estão na defesa da pauta. “É difícil ver um espaço que deveria estar lotado com poucas pessoas, inclusive dos próprios movimentos. Precisamos ampliar o debate, levar informação e esclarecimentos para todos e é fundamental a participação de todos”, comentou Higor ao falar que o grupo espera a aprovação do PL até o mês do Junho, quando se celebra o mês do Orgulho LGBTQIA+.

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