Especialista do HMB fala de cuidados com a hidratação nas ondas de calor 

Em 2023, em virtude da ação de fenômenos climáticos associados ao aumento da temperatura média do planeta, o Brasil sofreu com os efeitos de ondas de calor, que fizeram as temperaturas chegarem a 49°C – e até sensações térmicas de quase 60°C. Neste ano, embora o mês de janeiro tenha registrado temperaturas amenas, a tendência é que aquele calorão volte e novas ondas sejam sentidas. 

Além dos cuidados com a pele, que devem ser tomados durante o ano todo – mesmo em locais fechados, sem a exposição direta aos raios solares –, algumas medidas são necessárias para proteger o organismo nos dias mais quentes. A principal delas é não descuidar da hidratação. 

De acordo com Agostinho Filgueira, coordenador do Departamento de Nefrologia do Hospital Municipal de Barueri Francisco Moran (HMB), a diminuição da umidade relativa do ar, comumente acompanhada do calor, demanda uma maior atenção à ingestão de líquidos. “Temos vários graus de desidratação, desde os casos mais leves até os mais graves. Os mais leves podem ter sintomas mais discretos, como boca seca e a produção de uma saliva espessa, até alteração na coloração da urina. À medida que a desidratação aumenta, podem surgir outros sinais: dor de cabeça, tonturas, queda de pressão, diminuição ou falta de urina, chegando mesmo a desmaios”, alerta o médico. 

O ideal é beber ao menos dois litros de água por dia, mas é importante não esperar pela sede, pois este é um sinal de desidratação. Sucos e chás gelados, bem como água saborizada, também são boas pedidas. No mais, é bom evitar bebidas alcoólicas e alimentos ricos em gordura, pois alimentos pesados geram mais calor. Legumes, vegetais e frutas são abundantes em água e auxiliam na hidratação do corpo. 

Cuidado com os rins 

Mesmo não havendo atividades físicas, ocorre uma perda insensível de líquidos. Filgueira lembra que é essencial fazer a reposição para que a saúde renal seja preservada. “Os cuidados em relação aos rins são importantes porque a desidratação pode levar à diminuição do volume da urina e com isso causar uma insuficiência renal. Na maioria das vezes é reversível quando tratado de maneira adequada e rápida. Em outras, porém, se não for tratado adequadamente, pode levar a quadros mais graves, até com necessidade de realização de hemodiálise, que pode ser temporária ou até definitiva. Se a função renal não for restabelecida, uma das possibilidades é permanecer em diálise de maneira permanente ou realizar um transplante renal”, adverte. 

Neste sentido, um cuidado especial deve ser direcionado a crianças e idosos, que nem sempre se lembram – ou têm a iniciativa – de beber água. “Os idosos, fisiologicamente, já têm uma quantidade de água corporal menor, mas têm um estímulo da sede diminuído com o avançar da idade. Além do mais, pessoas nesta faixa etária podem apresentar alguns problemas de saúde que favorecem a desidratação, como o diabetes mal controlado e o uso de remédios para hipertensão, como diuréticos, que normalmente aumentam a quantidade de urina, favorecendo a perda de líquidos”, concluiu. 

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