Consistência e persistência: Rebeca repete prata de Tóquio no individual geral. Caio chega ao pódio da marcha na quarta tentativa
Assim como no Japão, brasileira ficou em segundo na prova que define a ginasta mais completa, atrás apenas de Simone Biles. Marchador brasiliense consegue a medalha em sua quarta tentativa. Calderano faz história no tênis de mesa e vôlei está nas quartas
Na prova que determina a ginasta mais completa dos Jogos Olímpicos, a brasileira Rebeca Andrade, de 25 anos, ficou atrás apenas de Simone Biles, considerada uma das maiores atletas da história da modalidade. Nesta quinta-feira, 1 de agosto, a norte-americana somou 59.131 após os exercícios de salto, trave, solo e barras assimétricas. Rebeca acumulou 57.932, com direito a nota mais alta que Biles nas assimétricas (14.666 contra 13.733). O bronze ficou com a também norte-americana Sunisa Lee (56.465), para quem Rebeca havia perdido o ouro na mesma prova em Tóquio. A brasileira Flavia Saraiva também disputou a final e terminou com a nona colocação.
Eu me sinto privilegiada diante de tantas coisas que poderiam acontecer, e tantas pessoas que poderiam ter sido escolhidas para estar aqui. Eu estou aqui, consegui, então realmente é uma honra gigantesca poder partir da porcentagem de mulheres que está cada vez mais vencendo e hoje poder trazer mais um resultado para o meu esporte, para o meu país, é incrível”
Rebeca Andrade, pela segunda vez seguida a ginasta mais completa nos Jogos Olímpicos
Agora, o currículo olímpico de Rebeca Andrade passa a ter um ouro, duas pratas e um bronze: quatro pódios. Depois do título no salto e do vice-campeonato no individual geral em Tóquio (2021), a brasileira já acrescentou à bagagem de Paris um bronze por equipes e, nesta quinta, a prata novamente no individual geral.
Com as quatro medalhas, Rebeca se torna a mulher brasileira mais premiada na história do megaevento esportivo. Ela ultrapassa a levantadora Fofão, do vôlei feminino, e Mayra Aguiar, do judô, com três cada. Rebeca está na cola de Robert Scheidt e Torben Grael, da vela, atuais líderes do ranking de multimedalhistas, com cinco cada.
“É uma honra, né? Eu me sinto privilegiada diante de tantas coisas que poderiam acontecer, e tantas pessoas que poderiam ter sido escolhidas para estar aqui. Eu estou aqui, consegui, então realmente é uma honra gigantesca poder partir da porcentagem de mulheres que está cada vez mais vencendo e hoje poder trazer mais um resultado para o meu esporte, para o meu país, é incrível”, disse Rebeca à TV Globo, ao fim de sua participação.
A ginasta, contudo, ainda não encerrou o “expediente” na capital francesa. Ela ainda disputa as finais por aparelhos do salto (sábado, 3 de agosto), da trave e do solo (ambas na segunda, dia 5). Nas três, terá como uma das adversárias a americana Simone Biles.
MARCHA ATLÉTICA – O atletismo começou a trajetória nos Jogos Olímpicos com um resultado inédito. Em sua quarta participação olímpica, Caio Bonfim conquistou a prata na marcha atlética de 20 km. O brasileiro que treina em Sobradinho (DF) completou o percurso em 1h19min09s. O equatoriano Brian Pintado foi o campeão (1h18min55s) e o espanhol Alvaro Martin, bronze (1h19min11s).
Em Londres, saí de cadeira de rodas da prova. Em 2016, correndo em casa, fui quarto, na trave. Em Tóquio, terminei em 13º e hoje consegui a prata, um sabor especial. Paris agora faz parte da minha história”
Caio Bonfim, prata na marcha atlética
“Todo mundo que um dia viu a marcha já disse: isso é estranho. Para mim, era normal, minha mãe fazia marcha. Meu pai é técnico. Ela fez índice para Atlanta (1996), teve umas mudanças de critérios e ela não foi. Quando fui para os Jogos de Londres, falei para ela: quem disse que você não foi a uma Olimpíada? E hoje, na nossa quarta Olimpíada, posso virar e falar: Somos medalhistas olímpicos”, disse Caio.
Caio é treinado pelos pais, João Sena, e pela mãe, a ex-marchadora Gianetti Sena Bonfim. Eles têm um projeto de atletismo que desenvolve a marcha atlética – o Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO), no Distrito Federal.
Caio cansou de ouvir gracinhas e sofrer preconceito em função dos movimentos característicos da modalidade, mas seguiu em frente e se tornou a principal referência do país na história da modalidade. A medalha olímpica era o único adereço que faltava ao atleta de 33 anos. Já são duas medalhas de bronze em Mundiais e quatro medalhas (duas pratas e dois bronzes) em Jogos Pan-Americanos, além de dez títulos brasileiros consecutivos.
“Em Londres, saí de cadeira de rodas da prova. Em 2016, correndo em casa, fui quarto, na trave. Em Tóquio, terminei em 13º e hoje consegui a prata, um sabor especial. Paris agora faz parte da minha história”, completou o atleta, integrante do Bolsa Atleta há 17 anos. “Não tem como falar dos meus resultados sem falar do programa. Faz parte da minha história. É essencial para manter o padrão de treinos e competições necessários para me manter em condições de brigar pelos melhores resultados”, afirmou.