Josivan, o Amyr Klink sobre duas rodas de Barueri

Ao invés de um barco, uma bicicleta; ao invés dos oceanos, as estradas do Brasil; e ao invés da residência em Parati, ele mora em Barueri. Assim é a vida de Josivan Lima de Farias, o “Casca”, de 46 anos, morador do Jardim São Silvestre, loucamente apaixonado pela bicicleta desde 1996.

Ele integra vários clubes de ciclistas, mas não participa de night bikers (passeios noturnos). “Não tenho tempo por causa do trabalho no CAP (Centro de Aperfeiçoamento de Professores, da Secretaria de Educação de Barueri). ‘Desconto’ tudo nos fins de semana e nas férias”, revela ele.

E “desconta” mesmo! As férias começaram para ele no dia 2 de janeiro quando saiu de Barueri bem cedinho com a meta de chegar a Recife (PE). 350 km depois chegou a Volta Redonda (RJ) e fez a sua primeira parada estratégica. “Foi um trecho muito puxado”, revela. Até Vitória da Conquista (BA) ele esteve acompanhado de Rogério, um amigo do pedal.

Achou muito? Para chegar a Recife, cidade onde morou por 12 anos e ainda tem muitos amigos, faltavam 2.315 km. Josivan já se aventurou quatro outras vezes pelo Nordeste brasileiro em cima de duas rodas. Todas com sucesso. “Planejo as viagens com antecedência e me oriento pela planilha”, diz ele.

A primeira viagem longa foi em 2009 e a mais desgastante em 2014, quando chegou a Natal (RN), que fica a quase 3 mil quilômetros de Barueri. O “Amyr Klink da bicicleta” é prudente no trânsito, carrega o essencial para as viagens e tem conhecimentos sobre reparos mecânicos para evitar que algum imprevisto o deixe parado desnecessariamente na estrada. Esses conhecimentos são úteis também nos trechos urbanos.

Nessa viagem, ele teve que reparar furos na câmara de ar algumas vezes e também que trocar um pneu que rasgou: “Ainda bem que levei um de reserva na mochila”, respira aliviado. Houve vários trechos em que enfrentou chuvas nos estados do Rio de Janeiro e Bahia.

“Perto de Itaobim (MG), o Rio Jequitinhonha transbordou e invadiu a estrada. A água estava a uns 25 cm de altura, mas eu nem precisei descer da bike pra continuar a viagem. Entre Teófilo Otoni e o Sul da Bahia tem muitos buracos no acostamento e muitas quedas de barreiras”, lembra.

A chegada

Depois de ser recebido em casas de amigos nas cidades de Jequié e Feira de Santana (BA) e em Campo Alegre (AL) e de se hospedar em vários hotéis e pousadas, o aventureiro finalmente chegou à capital pernambucana na última segunda-feira, dia 17.

Enquanto descansa pedalando pelas ruas de Recife, Josivan planeja dar uma esticadinha em João Pessoa (PB) e novamente na capital do Rio Grande do Norte para igualar a viagem mais longa de oito anos atrás. Ele pedala de sete a doze diárias de acordo com o roteiro planejado. Começa por volta das quatro horas da manhã, ou antes. Os trechos nunca são menores que 200 quilômetros. Muitos admiradores o abordam para parabenizar e tirar fotos, principalmente nos postos ao longo da estrada.

A volta

Nas quatro viagens anteriores, Josivan voltou com a bike desmontada no bagageiro do ônibus, mas nada garante que ele faça o mesmo novamente: “tenho mais tempo dessa vez. Estarei de licença-prêmio a partir de fevereiro. Ainda dá tempo de voltar de bike, mas é muito desgastante. É uma experiência para se fazer poucas vezes”, declara.

Sobre Josivan

Nascido em Aroeira (PB), veio para Barueri em 1994. Estudou na Escola Taro Mizutori, onde concluiu o ensino médio e está na Prefeitura Municipal há 20 anos no cargo de Auxiliar de Serviços Gerais. Pedala “apenas” sete quilômetros em dias úteis entre sua residência e o local de trabalho.

Devido à sua paixão pela bicicleta, volta e meia é chamado de “louco” pelos colegas de trabalho e por outros conhecidos, mas ele não se importa. “Casca” incentiva outros ciclistas ajudando na elaboração de planilhas de viagem. “Fiz muitos amigos pedalando e melhorei minha saúde. Não tenho por que parar”, conclui.

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