Câmara de Osasco debate importância de capacitação de médicos para aferição de pés diabéticos
Quando a diabetes não é controlada pode levar a morte. Porém, muitos problemas que ocorrem com pessoas com diabetes não controladas, podem ser diagnosticados facilmente por profissionais médicos capacitados nos ambulatórios.
Para discutir, especificamente, a capacitação de médicos ambulatoriais para aferições de pés diabéticos a Comissão Permanente da Saúde e Assistência Social, presidida pela vereadora Lúcia da Saúde (Podemos), realizou na noite desta segunda-feira (16), uma Audiência Pública para abordar o assunto.
É importante ressaltar que pessoas com diabetes não controladas podem apresentar um série de alterações nos pés, como infecções e outros problemas que podem provocar feridas e se os casos não forem tratados o pé diabético pode levar à amputação.
Salomão Júnior, secretário da Secretaria Executiva da Pessoa com Deficiência, ressaltou que muitas pessoas com diabetes que apresentam problemas como esses são praticamente invisíveis e que é preciso olhar para esses pacientes com cuidado para que Osasco seja uma cidade referenciada no tratamento e efetivamente inclusiva.
Secretária adjunta da Secretaria Executiva da Pessoa com Deficiência, Fernanda Zacchi, ressaltou que a secretaria não trabalha com doenças, aborda a deficiência, mas que no caso dos debates de prevenção de problemas como as amputações decorrentes do diabetes, o assunto também é tratado pela Secretaria. “Temos propostas para o município que não trazem custos para o Executivo, são parcerias que buscam provocar a sociedade civil para que todos possam compreendem e exigir preparação dos médicos, porque uma doença pode se tornar uma deficiência” comentou Fernanda Zacchi ao falar sobre a importância da prevenção de problemas de saúde que podem levar à deficiências graves.
Especializada em estomaterapia, área da saúde busca prevenir a perda da integridade da pele, voltada para a assistência e cuidado de pessoas com estomias, feridas (agudas e crônicas), fístulas, drenos, cateteres e incontinências, a enfermeira Juliana Maeda, falou sobre as complicações da diabetes que podem levar à morte.
De acordo com a profissional muitas pessoas até desconhecem que tem diabetes. Segundo dados do Ministério da Saúde o Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, e a estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões de pessoas.
“Muitas pessoas perdem a sensibilidade dos pés, já tive pacientes com prego no pé e não sentia e houve caso de paciente que queimou o pé e não percebeu”, afirmou Juliana Maeda ao falar que há alterações graves nos pés das pessoas com diabetes.
E alertou que pessoas que apresentam lesões nos pés, provocadas por diabetes, têm 50% de chances de sofrer amputação do membro. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular apresentados pela enfermeira apontaram que o número de amputações de pernas e pés no país atingiu em 2022 o seu nível mais elevado em dez anos. “Uma média de 85 amputações por dia, um número muito elevado”, disse Juliana Maeda. “No mundo, a cada 20 segundos uma pessoa perde um dos pés, sendo que 25% tem diabetes”, alerta.
Os dados são preocupantes e assustadores, mas o fato importante, apontado pela enfermeira, é que 85% dos problemas provocados pela doença podem ser evitados por meio de orientação e educação. “Não precisamos ter especialistas na rede, precisamos ter pessoas capacitadas”, ressaltou Juliana Maeda.
Márcio da Lan (Avante), que tem experiência como gestor na Saúde, falou sobre suas experiências na área, e comentou sobre a importância de ações como a realização da Audiência Pública, que servem como alerta e como orientação.
“As UBS são a entrada principal do sistema da saúde e ações preventivas são fundamentais para evitar agravamento de problemas da saúde que podem ser evitados”, ressaltou o vereador suplente que conheceu muitos pacientes que chegavam nos Prontos-socorros já com casos graves que poderiam ser prevenidos na atenção primária.
Presidente da Comissão Permanente da Saúde e Assistência Social, Lúcia da Saúde, comentou sobre a excelência dos profissionais que trabalham com feridas, principalmente as provocadas pela diabetes e também sobre a necessidade de Osasco ter um Centro de Referência da Diabetes.
“Há tantas pessoas que em casa fazem tratamento errado, por falta de orientação inclusive nas Unidades Básicas, é muito preocupante. É fundamental a capacitação dos profissionais para que as orientações sejam feitas adequadamente”, apontou a parlamentar ao contar suas próprias experiências na área da saúde.
“A Câmara Municipal está aberta para debates como este e se a Comissão se coloca a disposição de profissionais e Secretarias que estejam dispostas a colaborar com a melhoria no atendimento”, reforçou Lúcia da Saúde antes de passar para a fase de perguntas da Audiência.
A maioria das perguntas feitas pelas pessoas que prestigiaram a Audiência Pública dizia respeito à formas de prevenção e cuidados. Os profissionais que responderam às perguntas falaram sobre sintomas frequentes. “Sempre que você desconfiar que há alterações no seu organismo procure um profissional, é mais seguro”, alerta Juliana Maeda, ao reforçar que os custos para a saúde pública quando não há diagnóstico precoce podem ser muito elevados.
“Precisamos capacitar, treinar, envolver os profissionais para que eles busquem atualizações e isso é extremamente benéfico para a saúde pública”, afirmou a enfermeira.