Consciência Negra: conheça o protagonismo de mulheres negras que ocuparam seus espaços

Todos os dias mulheres negras quebram as barreiras da desigualdade de gênero e do racismo em busca de direitos iguais e por mais representatividade. No dia da Consciência Negra (celebrado em 20 de novembro), vamos conhecer e ouvir algumas dessas vozes que tentaram ser silenciadas, mas que hoje se tornaram protagonistas da própria história.

A Jornalista

Maria Adélia Paulino, 59 anos, é servidora pública, historiadora e jornalista com MBA em História da Arte. Ela conta que sempre foi muito criativa. Para Adélia, podia até faltar comida na mesa, mas nunca a vontade sonhar.

“Eu lembro que a gente estava passando por um ‘perrengue’ por falta de comida. Uma vez passou um avião e eu disse: ‘mãe, um dia eu vou voar de avião’, e ela disse: ‘você sonha demais’. Ela tinha medo que eu sofresse”, conta Adélia, que conseguiu realizar essa vontade de viajar pelo mundo, sendo que a mais marcante foi para Durban, na África do Sul.

Sem condições de concorrer para uma faculdade pública, decidiu cursar História numa faculdade particular aos 25 anos. Aos 39, cursou jornalismo e hoje integra um grupo de pesquisa da USP: Catédra Otavio Frias Filho de Estudos em Comunicação, Democracia e Diversidade.

“Sempre estudei muito porque sempre batalhei por uma sociedade mais consciente. Esses estudos têm o objetivo de dialogar sobre essas questões e os diferentes tipos de preconceito. É preciso aplicar esses conhecimentos em busca de uma sociedade mais igualitária”, afirma Adélia, que defende a educação como ferramenta de transformação social.

A empreendedora

Mãe, avó e empreendedora, Milene Caetano se orgulha de sua trajetória, conquistada com muito trabalho e sem deixar as dificuldades a abaterem.

“Eu sempre lutei muito, além de ser negra, sou casada com uma mulher, o preconceito nunca foi explícito pelas pessoas, mas a gente sente. Tenho uma barraca de doces, já tive negócios desfeitos sem muita explicação. A gente sabe que as pessoas se incomodam. Mas sempre segui em frente. Tenho muito orgulho, tanto que minha filha segue os meus passos e montou a sua própria barraca. Esse é o sustento de nossa família”, conta a empreendedora.

Dona de um sorriso largo e cativante, Milene carrega a ancestralidade também na sua fé. “Por ser de religião de matriz afro e por ter raspado o cabelo, as pessoas sempre me olham de maneira diferente. Nunca me importei, sempre enfrentei tudo de cabeça erguida. A minha fé me sustenta”, diz.

A agente de inclusão

Pedagoga, Luzia Rodrigues, de 37 anos, sabe na prática a importância da representatividade.  Filha de um homem afrodescendente com uma mulher branca, como ela mesma afirma, “as matrizes negras sobressaíram”. Isso, para Luzia, é motivo de orgulho.

“Tive a oportunidade de dar aula e, nesse período, tive uma professora preta, linda, que usava a retórica a seu favor. Decidi  que iria fazer pedagogia”, ao contar com orgulho que foi a primeira de quatro irmãos a ter nível superior.

Luzia também é agente de inclusão e descobriu o seu propósito no trabalho com a Educação Inclusiva, outro ramo que também sofre com os preconceitos sociais.

“As vezes tenho a sensação de que as leis são criadas pela falta de empatia e de respeito com as diferenças. Ainda estamos lutando para que elas sejam cumpridas. Como ainda vivemos em um mundo arcaico, as leis ajudam muito na conquista por uma sociedade mais justa’, finaliza.

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